Publicado em: 12/12/2025 às 10:10hs
O consumo de biodiesel no Brasil deve continuar em trajetória de crescimento nos próximos anos, segundo projeções da StoneX, empresa global de serviços financeiros. A consultoria manteve suas estimativas para o setor e prevê que o volume total consumido alcance 9,8 milhões de metros cúbicos (m³) em 2025, alta de 9% em relação ao ano anterior.
Para 2026, o cenário base aponta um avanço de 6,4%, totalizando 10,5 milhões de m³. No entanto, o cenário alternativo, que considera a introdução do B16 — mistura de 16% de biodiesel no diesel fóssil, conforme diretriz do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) —, projeta um consumo ainda maior, próximo a 11 milhões de m³, além de elevar em cerca de 1 milhão de toneladas o uso de óleo de soja.
O bom desempenho do setor se apoia em resultados concretos. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o mercado registrou vendas recordes de 914 mil m³ em outubro. No acumulado entre janeiro e outubro de 2025, o volume comercializado chegou a 8,1 milhões de m³, aumento de 6,7% em relação aos 7,6 milhões de m³ do mesmo período de 2024.
A produção nacional acompanhou o crescimento e também somou cerca de 8,1 milhões de m³, representando alta de 7,3% na comparação anual.
“O mercado de biodiesel tem mostrado um desempenho sólido, impulsionado pela forte demanda por diesel B e pelo avanço consistente da produção. A expectativa é que a diferença entre B14 e B15 continue se ampliando nos próximos resultados”, afirma Leonardo Rossetti, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
A StoneX avalia que a manutenção de um cenário positivo para o biodiesel dependerá tanto das condições das próximas safras agrícolas quanto do ritmo da economia brasileira. Mesmo com a expectativa de crescimento mais moderado do PIB em 2026, a adoção integral do B15 deve garantir o avanço da demanda.
No cenário alternativo, a migração para o B16 adicionaria quase 1,2 milhão de m³ ao consumo anual, fortalecendo ainda mais a participação do biodiesel na matriz energética nacional.
O relatório da StoneX também aponta mudanças na composição das matérias-primas utilizadas na produção de biodiesel. No quinto bimestre (setembro-outubro), o consumo de óleo de soja permaneceu elevado, mas apresentou leve recuo de 4,8% em relação ao bimestre anterior — totalizando 1,368 milhão de toneladas, contra 1,437 milhão de toneladas no período anterior.
Com isso, a participação do óleo de soja no mix produtivo caiu de 86,4% para 81,6%. As projeções para 2025 foram mantidas, mas a estimativa para 2026 no cenário B16 foi ajustada levemente, de 9,0 para 8,9 milhões de toneladas.
Em contrapartida, o uso de sebo bovino apresentou forte crescimento. Após uma média mensal de 45,8 mil toneladas até agosto, o consumo saltou para 76,5 mil toneladas em setembro e 86,9 mil toneladas em outubro, elevando sua participação no mix de 8,7% para 9,5%.
O aumento do uso de sebo no mercado interno decorre diretamente das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre as importações do produto brasileiro. Como resultado, as exportações médias mensais caíram de 44 mil para 27 mil toneladas em setembro e apenas 7,5 mil toneladas em outubro. Os EUA respondem por mais de 90% das compras externas de sebo do Brasil, o que tem levado o produto a ganhar maior relevância na indústria nacional de biodiesel.
Fonte: Portal do Agronegócio
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