Publicado em: 19/11/2025 às 11:05hs
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, destacou recentemente que a estatal está preparada para aumentar a mistura de biodiesel no diesel para 25% no futuro. A declaração foi feita durante o Fórum de Debates da Confederação Nacional de Transportes (CNT), em Brasília (DF), que reuniu autoridades públicas, empresários e especialistas em sustentabilidade.
Atualmente, desde 1º de agosto de 2025, a mistura obrigatória de biodiesel no diesel no Brasil é de 15%, conforme decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O tema gera discussões sobre a qualidade do combustível e os impactos de percentuais mais altos sobre o funcionamento dos veículos.
Dados da Gasola by nstech, empresa de tecnologia especializada em gestão de combustíveis, mostram que entre 2020 e 2025 o preço do diesel no Brasil subiu cerca de R$2,19 por litro, uma variação aproximada de 57%. O biodiesel, por sua vez, teve alta ainda maior, de quase 98%.
O especialista em combustíveis do Gasola, Vitor Sabag, explica que o biodiesel possui custo por litro superior ao diesel convencional da Petrobras. “Esse aumento na proporção influencia naturalmente o preço final nas bombas. Não é que o biodiesel seja o vilão, mas é preciso considerar seus impactos, principalmente para transportadoras e frotistas que consomem grandes volumes”, afirma.
Sabag ressalta que, embora o biodiesel possa ser produzido a partir de diferentes matérias-primas, a maior parte da produção nacional ainda depende do óleo de soja, sujeito à volatilidade do mercado agrícola. O aumento gradual do percentual obrigatório na mistura eleva a demanda e, consequentemente, pressiona os preços. Além disso, custos de logística, armazenamento e produção contribuem para que o biodiesel seja mais caro que o diesel tradicional.
O especialista reconhece a importância da expansão do biodiesel no contexto da transição energética. “O Brasil é um dos maiores produtores mundiais, o que garante matéria-prima, infraestrutura em desenvolvimento e previsibilidade por meio do programa nacional de mistura obrigatória”, afirma.
No entanto, ele alerta para as condições do Transporte Rodoviário de Cargas, responsável por 70% do transporte de mercadorias no país, segundo a CNT. Com idade média da frota em 18 anos, muitos caminhões podem não estar preparados para operar com percentuais elevados de biodiesel, gerando desafios técnicos e de custo.
Em comparação com países da União Europeia, que também utilizam biodiesel, o Brasil ainda precisa diversificar soluções. Na Europa, a estratégia envolve biocombustíveis avançados, combustíveis sintéticos, veículos elétricos e híbridos, considerando o tipo de frota, uso urbano ou rodoviário e políticas de incentivo.
Sabag conclui que o biodiesel é parte importante da transição energética, mas não deve ser o único caminho. “O desafio é garantir que a produção seja sustentável e competitiva, sem distorcer custos logísticos. Com planejamento, o Brasil pode se tornar um fornecedor estratégico de combustíveis renováveis, integrando biodiesel, eletrificação e outras alternativas verdes”, afirma.
Fonte: Portal do Agronegócio
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