Publicado em: 16/06/2025 às 17:00hs
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) voltou a criticar, na quarta-feira (11), durante o Brasília Summit, a diferença na carga tributária aplicada a alimentos essenciais e às plataformas de apostas esportivas. Enquanto itens como biscoitos, manteiga e iogurte podem ser taxados em até 36% em alguns estados, as apostas online recolhem apenas 12% de imposto.
A Abras defende que o imposto seletivo sobre as chamadas bets seja elevado ao teto de 50%, conforme previsto na reforma tributária, e que a isenção total de ICMS para a cesta básica seja antecipada. A entidade destacou ainda os impactos sociais negativos das apostas nas famílias brasileiras, que não têm sido acompanhados por uma compensação tributária adequada.
A entidade supermercadista propôs ao vice-presidente Geraldo Alckmin a antecipação da desoneração total dos alimentos essenciais, cuja implementação está prevista para ocorrer de forma escalonada até 2033. A Abras também reivindica que a composição da nova Cesta Básica Nacional de Alimentos leve em conta a diversidade regional e o valor nutricional dos produtos, reforçando o caráter social do benefício fiscal.
No setor do agronegócio, a preocupação recai sobre a possível taxação das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), que hoje são isentas de Imposto de Renda. Segundo Isan Rezende, presidente do Instituto do Agronegócio (IA) e da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de Mato Grosso (FEAGRO MT), a medida pode prejudicar o financiamento da produção agrícola, essencial para o abastecimento do país.
Tanto supermercadistas quanto representantes do agro cobram coerência do Congresso Nacional na revisão da carga tributária. Para eles, é contraditório penalizar quem produz alimentos e abastece o país, enquanto setores considerados de alto risco social, como o das apostas online, continuam com tributação branda.
“Taxar fontes de financiamento que alimentam o campo é o mesmo que podar uma lavoura antes da colheita. Estamos vendo uma inversão de prioridades. Tributa-se o capital produtivo e se facilita o capital especulativo. Os produtos essenciais à segurança alimentar da população estão sendo mais tributados do que apostas online. Em tempos de reforma tributária, é fundamental que o debate priorize a segurança alimentar — e não quem lucra com o entretenimento de alto risco”, reforçou Isan Rezende.
Fonte: Portal do Agronegócio
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