Mercado Financeiro

Traive, SIM e OPEA viabilizam o primeiro CRA Verde emitido em dólar com valor de U$S 11 milhões no Brasil

Objetivo da emissão é financiar capital de giro para produtores rurais do Cerrado, estimulando a produção de soja de forma sustentável


Publicado em: 09/08/2022 às 16:00hs

Traive, SIM e OPEA viabilizam o primeiro CRA Verde emitido em dólar com valor de U$S 11 milhões no Brasil

A Traive, fintech especializada em desenvolver infraestrutura tecnológica para serviços financeiros e plataforma para análise e gestão de risco de crédito, juntamente com a OPEA, a SIM (Sustainable Investment Management) e a BVRio são os coordenadores da iniciativa que promove a emissão do CRA Verde - Certificado de Recebíveis do Agronegócio, realizada no exterior com investimentos de US$ 11 milhões.

O CRA é um título de renda fixa, com incentivo fiscal por meio da isenção de imposto de renda para o investidor pessoa física, lastreado em recebíveis originados de negócios entre produtores rurais, ou suas cooperativas e terceiros, cujo objetivo é servir de fonte de financiamento complementar ao agronegócio. O CRA Verde é registrado na Bolsa de Valores de Viena, na Áustria, e conta com a tecnologia da Traive para conectar de forma transparente e precisa a expertise da OPEA na área de securitização e a SIM, como coordenadora do Programa RCF (Responsible Commodity Facility).

O Programa RCF é um sistema de incentivos financeiros para agricultores no Brasil que se comprometem com o cultivo de soja livre de desmatamento e conservação. Esta primeira emissão feita no âmbito do RCF (Programa RCF Cerrado 1) é um piloto que envolve 36 imóveis, produzindo cerca de 75 mil toneladas de soja por ano (por 4 anos), resultando na conservação de mais de 11 mil hectares de vegetação nativa, 4 mil hectares além de reservas legais.

A operação foi financiada pelas redes de supermercado britânicas Tesco, Sainsbury's e Waitrose com o intuito de financiar capital de giro para 8 (oito) produtores de soja do Cerrado (região do Mato Grosso e Goiás), que vão receber empréstimos com custos atrativos. Para ter acesso aos recursos financeiros, estes produtores precisam atender rigorosos critérios de elegibilidade, como responsabilidade com o desmatamento zero da vegetação nativa, prevenção de impactos climáticos negativos e perda de habitat, além de não fazer uso de agroquímicos que são permitidos no Brasil, porém proibidos na Europa.  Os produtores, além de possuírem um excedente de reserva legal, se comprometem a não desmatar tais excedentes durante o período de vigência da operação, mesmo quando permitido por lei.

O Cerrado é um dos biomas com maior diversidade no mundo, além de um dos mais ameaçados, e a expansão da soja é um dos principais vetores do desmatamento. Por isso, a criação de um mecanismo de crédito exclusivo para produtores que não desmatam é fundamental para a proteção da vegetação nativa.

Para Maurício Moura Costa, COO da SIM: “O financiamento agrícola é uma parte fundamental dos modelos de negócios dos produtores de soja e há uma enorme demanda por financiamentos de baixo custo. Ao direcionar esse fluxo de financiamento verde para a produção de soja, podemos compensar aqueles que se comprometem com a conservação de vegetação nativa.”

O valor da emissão, finalizado nesta sexta-feira, dia 29, está na casa de 11 milhões de dólares, equivalente a mais de R$55 milhões de reais, e o processo está sendo realizado em parceria entre a Traive, OPEA, SIM e BVRio.

“A emissão do CRA Verde em dólar finalmente traz juntas duas demandas latentes históricas do mercado de crédito agrícola no Brasil: aumento do capital privado estrangeiro e responsabilidade ambiental. Junte a isto um processo digitalizado, pronto para escalar, e temos um cenário muito promissor para o setor. Com este projeto, reafirmamos nosso compromisso de conectar toda cadeia de financiamento.” diz Fabricio Pezente, CEO Traive.

Renato Barros Frascino, Sócio e Head de Agronegócio da Opea comentou: “Estamos honrados em fazer parte do desenvolvimento deste novo mercado. Esta é uma das primeiras operações de CRA em dólar, e destinará recursos de investidores internacionais para o agronegócio brasileiro, visando financiar produtores que se comprometem com o não desmatamento. Este programa de CRA é uma alternativa para que os diversos produtores rurais brasileiros, que se preocupam com a produção sustentável, possam acessar recursos de mercado de capitais, inclusive de investidores internacionais, em condições mais competitivas”.     

Para Ken Murphy, CEO do Tesco Group, "A iniciativa do RCF evidencia a necessidade da indústria de alimentos se unir e apoiar a proteção de ecossistemas críticos como o Cerrado”.

A operação contou com o apoio jurídico do escritório Pinheiro Neto e só é possível no Brasil devido a inovações que surgiram com a Lei do Agro (13.986/2020), regulamentada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) com a Resolução 4.974/2020. A nova lei permite tanto a emissão do CRA Verde referenciado em moeda estrangeira quanto a colocação desses títulos diretamente no exterior, fato que aumenta o apelo entre investidores que não residem no Brasil.

Segundo Luís Lapo, CRO da Traive, “Conseguimos fazer uso de forma pioneira das novas leis do Agro, trazendo recursos privados de investidores europeus visando financiar a cadeia do agronegócio no Brasil, destravando o potencial desse mercado para estes investidores e criando novas opções de acesso a financiamento para cadeia. Qualquer revenda, cooperativa ou empresa que faça vendas de insumos a prazo para produtores pode nos procurar para fazerem uso desse tipo de operação, seja para financiamento próprio ou de seus clientes.”

Os próximos passos desta emissão são: monitoramento de compliance social e ambiental durante todo o período da operação, além de escalar esse novo modelo de financiamento, desta vez através de revendas, indústrias de insumos e cooperativas. 

As atividades do programa serão verificadas pela empresa Earth Daily e reportadas a um Comitê Ambiental independente, composto por representantes do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), The Nature Conservancy (TNC), WWF Brasil, Conservação Internacional (CI-Brasil), Proforest, e Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), e secretariado pela BVRio.

Para saber mais sobre a Traive, acesse: www.traivefinance.com.