Mercado Financeiro

Soja vive momento de ajustes: Brasil avança no plantio enquanto Chicago reage a expectativas de acordo entre EUA e China

Plantio da soja avança de forma desigual no Brasil


Publicado em: 29/10/2025 às 11:40hs

Soja vive momento de ajustes: Brasil avança no plantio enquanto Chicago reage a expectativas de acordo entre EUA e China
Foto: CNA

A safra de soja no Brasil atravessa um período de contrastes regionais. Enquanto o Mato Grosso e o Paraná lideram o avanço da semeadura, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul enfrentam um cenário de cautela, marcado por reorganização financeira e monitoramento do clima, segundo a TF Agroeconômica.

No Rio Grande do Sul, o mercado se mantém atento à recuperação da liquidez e à necessidade de planejamento. Os preços no porto foram reportados a R$ 142,00 por saca (+1,43% na semana), e no interior, entre R$ 132,00, com variações positivas em Cruz Alta, Passo Fundo, Santa Rosa e São Luiz.

Já em Santa Catarina, o ritmo de semeadura está entre os mais lentos da Região Sul. A comercialização ocorre de forma moderada, concentrada na liquidação de contratos antigos. O preço da soja no porto de São Francisco se manteve estável, cotado a R$ 138,55 por saca, refletindo o equilíbrio entre oferta e demanda.

No Paraná, o avanço do plantio e a maior estabilidade climática colocam o estado entre os mais adiantados do país. As cotações variam de R$ 127,90 em Cascavel a R$ 141,26 em Paranaguá, com ganhos semanais discretos em diversas praças. Em Ponta Grossa, o preço FOB atingiu R$ 131,69, enquanto no balcão, ficou em R$ 120,00 por saca.

No Mato Grosso do Sul, a necessidade de capital de giro tem impulsionado as vendas locais. O estado registrou forte pressão de comercialização, com o spot em R$ 124,76 por saca em municípios como Dourados, Campo Grande e Maracaju. Em Chapadão do Sul, o preço foi de R$ 120,05, com leve alta semanal.

No Mato Grosso, principal produtor de soja do país, o plantio segue acelerado e os preços mantêm leve valorização. Cotações variaram de R$ 121,06 a R$ 121,26 por saca, com destaque para Lucas do Rio Verde e Sorriso, que apresentaram alta de até 0,89%.

Mercado internacional: soja passa por correção após altas em Chicago

Mesmo após duas sessões de forte valorização, os contratos futuros da soja registraram realização de lucros nesta quarta-feira (29) na Bolsa de Chicago (CBOT). As quedas variaram entre 4,50 e 6 pontos nos principais vencimentos, em movimento técnico de correção após ganhos acumulados superiores a 3%.

Apesar da leve retração, as cotações seguem sustentadas na faixa dos US$ 11 por bushel, com o contrato março cotado a US$ 11,01 e o maio a US$ 11,12. O vencimento janeiro, o mais negociado no momento, recuou para US$ 10,89, após testar o patamar dos US$ 11 no pregão anterior.

A correção ocorre após a confirmação da primeira compra de soja dos EUA pela China em meses, sinalizando uma possível reaproximação comercial entre as duas maiores economias do mundo. A estatal COFCO adquiriu 180 mil toneladas, o que reforçou o otimismo dos investidores quanto à possibilidade de um novo acordo bilateral.

Otimismo com encontro entre Trump e Xi Jinping impulsiona expectativas

O mercado acompanha de perto o aguardado encontro entre Donald Trump e Xi Jinping, marcado para esta quinta-feira (30) na Coreia do Sul, evento que poderá definir novos rumos para o comércio internacional da soja. Analistas destacam que um eventual entendimento pode estimular o retorno das importações chinesas e trazer alívio ao setor agrícola global.

Na terça-feira (28), o contrato de soja para novembro encerrou o pregão em alta de 1,05%, a US$ 1.078,50 por bushel, enquanto o vencimento janeiro subiu 0,97%, chegando a US$ 1.095,50. No complexo, o farelo de soja valorizou 2,78%, cotado a US$ 306,50 por tonelada curta, e o óleo de soja recuou 1,00%, a US$ 50,26 por libra-peso.

Segundo o analista norte-americano Bryce Knorr, a soja pode voltar a desempenhar um papel estratégico em novas negociações comerciais, repetindo o protagonismo observado durante o primeiro mandato de Trump. No entanto, ele alerta que resultados aquém do esperado podem anular parte dos ganhos recentes, que levaram a commodity ao melhor nível dos últimos 15 meses.

Além das expectativas diplomáticas, o atraso no plantio brasileiro em comparação ao ano anterior e à média histórica tem contribuído para sustentar as cotações internacionais, reforçando a percepção de que o mercado da soja inicia o fim de outubro em um cenário de alta volatilidade, mas com fundamentos otimistas.

Fonte: Portal do Agronegócio

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