Mercado Financeiro

Soja mantém viés positivo: alta em Chicago reflete otimismo com China, enquanto logística pressiona produtores no Brasil

Mercado internacional de soja sobe com expectativa de acordo entre EUA e China


Publicado em: 21/10/2025 às 11:20hs

Soja mantém viés positivo: alta em Chicago reflete otimismo com China, enquanto logística pressiona produtores no Brasil

Os contratos futuros da soja voltaram a subir na Bolsa de Chicago (CBOT), impulsionados pelo otimismo em torno das negociações comerciais entre Estados Unidos e China. Segundo informações do portal Successful Farming, os encontros entre representantes de Washington e Pequim na última sexta-feira foram considerados “construtivos”, alimentando a expectativa de um possível acordo que beneficie o comércio da oleaginosa.

Durante a manhã desta terça-feira (21), os principais contratos apresentavam leve valorização: janeiro/26 era cotado a US$ 10,51 por bushel (+1,75 ponto), março/26 a US$ 10,65 (+1,25 ponto), maio/26 a US$ 10,78 (+1 ponto) e julho/26 a US$ 10,89 (+1 ponto).

Além disso, o presidente Donald Trump e o presidente chinês Xi Jinping devem se reunir ainda neste mês, durante um fórum econômico na Coreia do Sul. O encontro deve abordar temas estratégicos como o comércio de soja, minerais de terras raras e fentanil, reforçando a percepção de que uma retomada das compras chinesas da soja americana pode estar próxima.

Chicago fecha em alta pela quarta sessão consecutiva

Na segunda-feira (20), os contratos futuros da soja encerraram o pregão com alta pelo quarto dia consecutivo, sustentados pela confiança em um possível avanço nas negociações entre as duas maiores economias do mundo.

O contrato novembro/25 fechou a US$ 10,31 ¾ por bushel, com elevação de 1,20%, enquanto o janeiro/26 subiu 1,27%, para US$ 10,50 por bushel. Nos subprodutos, o farelo de soja (dezembro/25) registrou alta de 1,42%, a US$ 285,00 por tonelada, e o óleo de soja (dezembro/25) avançou 0,35%, cotado a 51,31 centavos de dólar por libra-peso.

Trump declarou acreditar que Pequim está disposta a fechar um acordo que permita retomar as compras de soja americana — suspensas desde setembro, quando a China não adquiriu um único lote dos Estados Unidos, algo que não ocorria há sete anos.

Enquanto isso, as importações chinesas de soja brasileira aumentaram 29,9% em setembro frente ao mesmo mês do ano anterior, totalizando 10,96 milhões de toneladas, segundo dados da Administração Geral da Alfândega da China. No acumulado de 2025, o volume chega a 63,7 milhões de toneladas, um crescimento de 2,4% em relação a 2024. Da Argentina, foram 1,17 milhão de toneladas, alta de 91,5% no mesmo período.

No Brasil, soja avança entre custos de frete e gargalos logísticos

Apesar do cenário internacional favorável, os produtores brasileiros enfrentam desafios internos significativos, especialmente com o aumento dos custos logísticos e a pressão nos fretes rodoviários.

No Rio Grande do Sul, os preços da soja registraram leve queda semanal. No porto, a saca foi negociada a R$ 140,00 (-0,16%), enquanto nas praças de Cruz Alta, Passo Fundo, Santa Rosa e São Luiz o valor médio ficou em R$ 131,00 (-0,76%). Em Panambi, o recuo foi mais acentuado, com cotação de R$ 120,00, segundo levantamento da TF Agroeconômica.

Em Santa Catarina, o frete elevado tem pressionado margens e forçado produtores a adotar estratégias de armazenamento para preservar a rentabilidade. No porto de São Francisco do Sul, a saca da soja é cotada a R$ 138,77 (+0,43%).

No Paraná, o ritmo de plantio segue firme, embora o estado tenha momentaneamente perdido a dianteira para o Mato Grosso. Em Paranaguá, a soja é vendida a R$ 140,23 (+0,41%); em Cascavel e Maringá, a R$ 128,70, e em Ponta Grossa, a R$ 130,21 (+0,08%).

O Mato Grosso do Sul sofre com a falta de silos adequados e aumento do custo do transporte. Em Dourados, Campo Grande e Maracaju, a saca ficou em R$ 125,23, enquanto Chapadão do Sul registrou R$ 120,63 (-0,02%).

Já no Mato Grosso, o frete rodoviário é apontado como o principal desafio. A previsão é de um aumento de 15% nos custos de transporte, o que deve pressionar a rentabilidade dos produtores. Em Lucas do Rio Verde e Sorriso, a saca é negociada a R$ 119,43 (+0,04%), e em Rondonópolis, Primavera do Leste e Campo Verde, o valor é de R$ 121,68 (-0,03%).

Perspectivas: bons ventos externos, mas desafios internos persistem

Enquanto o mercado internacional se mantém sustentado pela expectativa de um entendimento entre EUA e China, o Brasil precisa lidar com gargalos que comprometem a competitividade da soja no curto prazo. O frete caro, a infraestrutura limitada e a falta de capacidade de armazenagem continuam sendo entraves relevantes, principalmente no Centro-Oeste.

Ainda assim, o cenário global tende a favorecer o produtor brasileiro, que segue como principal fornecedor da China, e deve continuar aproveitando o espaço deixado pelos Estados Unidos no comércio internacional da oleaginosa.

Fonte: Portal do Agronegócio

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