Publicado em: 10/12/2025 às 19:40hs
O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgou o levantamento Funding Soja 2025, que detalha a composição das fontes de financiamento da soja em Mato Grosso para a safra 2025/26. A área estimada é de 13,01 milhões de hectares, com custo total projetado em R$ 54,39 bilhões.
O sistema financeiro aparece como principal fonte de recursos, respondendo por 35,42% do total, seguido pelas multinacionais e tradings, que representam 30,74%. O cenário reflete um ambiente de crédito mais restrito, com juros elevados e exigências mais rígidas de garantias.
O Imea aponta que a retração das revendas é um dos principais movimentos observados em comparação à safra anterior. Recuperações judiciais de grandes grupos e o aumento das exigências de garantias reduziram a oferta de crédito nesse canal.
Com menos opções, os produtores migraram para bancos e mercado de capitais, arcando com custos financeiros mais altos e, ainda assim, sem atender completamente à demanda de financiamento.
“O recuo das revendas decorre das recuperações judiciais e da maior exigência de garantias. O produtor buscou o sistema financeiro, pagou mais caro e teve de aportar mais capital próprio, inclusive com venda de áreas”, explicou Cleiton Gauer, superintendente do Imea.
Apesar do aumento da participação do crédito bancário e do uso de recursos próprios, o Imea alerta que esse movimento não representa melhora de caixa. Pelo contrário, indica necessidade maior de recursos e restrições mais severas de crédito, agravadas pelos juros altos.
As margens de lucro vêm caindo nas últimas safras, e a projeção para 2025/26 é de uma das menores dos últimos cinco anos. A inadimplência observada em 2024 e 2025 aumentou o risco das operações, fazendo com que bancos reforçassem as garantias e elevassem o custo do crédito, mesmo com sinais pontuais de recuperação econômica.
“A maior participação de crédito e de recursos próprios não sinaliza folga, mas uma necessidade estrutural num ambiente de crédito escasso, caro e com margens comprimidas”, reforçou Gauer.
A composição do financiamento mostra que as multinacionais e tradings mantêm papel importante na oferta de crédito e na troca por insumos, embora tenham perdido espaço para o sistema financeiro nesta safra.
As revendas, por sua vez, recuaram devido ao encolhimento do crédito e à revisão dos limites de concessão. Nesse cenário, bancos públicos e privados assumiram protagonismo, sustentando a maior parcela da captação de recursos no estado.
De acordo com o estudo, o principal desafio para os produtores mato-grossenses será administrar custo e risco. A recomendação é alongar prazos, equalizar garantias e travar preços de insumos e câmbio em momentos mais favoráveis.
O Imea ressalta ainda que a diversificação das fontes reduziu a dependência de um único canal de crédito, mas aumentou o custo médio de captação. A compra de insumos passou a ocorrer em janelas mais curtas, a venda antecipada foi ajustada para preservar liquidez e o risco financeiro precisou ser realocado diante do encarecimento do crédito e das novas exigências do mercado.
Fonte: Portal do Agronegócio
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