Publicado em: 13/10/2025 às 10:00hs
A recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a Selic em 15% ao ano tem restringido o acesso ao crédito e aumentado os custos de financiamento no país. O impacto é sentido de forma mais intensa pelo agronegócio, que representa 23,2% do PIB nacional em 2024, segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Cepea/USP.
Entre julho e agosto de 2025, o volume de crédito rural totalizou R$ 86,4 bilhões, queda de 31% frente ao mesmo período de 2024 (R$ 124,7 bilhões), de acordo com o Boletim do Crédito Rural e do Proagro do Banco Central. O cenário evidencia a dificuldade de produtores e indústrias em manter operações diante do encarecimento do crédito.
Para Marcos Pelozato, advogado e especialista em reestruturação empresarial, a alta da Selic expõe a vulnerabilidade de muitas empresas do setor. “Com a Selic em 15%, o crédito se torna excessivamente oneroso para produtores que dependem de financiamento. É essencial agir de forma preventiva: renegociar prazos com credores, revisar contratos e adotar controles rígidos sobre despesas operacionais”, afirma.
O especialista ressalta que pequenas e médias propriedades são as mais afetadas, enquanto grandes grupos conseguem recorrer a alternativas no mercado de capitais. Segundo ele, buscar apoio técnico antecipadamente aumenta as chances de preservar a atividade e evita medidas mais drásticas, como recuperação judicial.
A limitação do crédito já afeta compra de insumos, aquisição de maquinário e produtividade, podendo comprometer cadeias inteiras do setor. “O agronegócio é estratégico para o país. Preservar sua sustentabilidade financeira não é apenas gestão empresarial, mas segurança econômica nacional”, destaca Pelozato.
Para enfrentar o cenário de juros altos, o especialista recomenda cinco medidas essenciais:
Segundo Pelozato, a Selic deve permanecer elevada até 2026, mantendo o crédito caro nos próximos meses. A inadimplência tende a crescer caso não haja renegociações estruturadas, mas o agronegócio deve continuar crescendo acima da média do PIB.
“Quem se preparar agora terá mais fôlego para atravessar o ciclo e aproveitar a retomada futura com juros mais baixos”, conclui o especialista.
Fonte: Portal do Agronegócio
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