Publicado em: 07/10/2013 às 17:10hs
Assim como nas demais ofertas realizadas desde a reabertura do mercado para emissões, há duas semanas, a operação contou com boa demanda e a empresa conseguiu reduzir a taxa de juros que pagará aos investidores.
A oferta foi realizada em três séries, sendo uma delas com os benefícios da Lei nº 12.431, que concedeu isenção de imposto de renda no investimento em debêntures destinadas a financiar projetos de infraestrutura. A empresa optou, porém, por enquadrar a emissão no artigo 1º da norma, que concede o benefício apenas a estrangeiros.
Apesar do ganho fiscal, não houve demanda de investidores de fora do país pelos papéis, conforme apurou o Valor. Gestoras de fundos ligadas a dois grandes bancos também teriam ficado de fora da operação.
Ainda assim, a remuneração das debêntures da primeira série da Raízen, que vencem em cinco anos, deve cair de 0,95% ao ano para 0,89% ao ano mais a taxa interfinanceira (CDI). Os papéis da segunda tranche, também com vencimento em cinco anos mas com amortização apenas no fim do prazo, renderão CDI mais 0,94%, também abaixo do teto, que era de 1% ao ano.
Na série com incentivo fiscal, a taxa das debêntures ficou em 6,38% ao ano mais a variação da inflação medida pelo IPCA, enquanto o teto definido pela companhia era de IPCA mais 6,63% ao ano.
A empresa pretende usar os recursos captados com as debêntures para reforço de caixa e para custear parte dos investimentos relativos à safra 2013/2014. O Itaú BBA foi o coordenador líder da emissão da Raízen, e atuou ao lado de Citibank, HSBC, Santander e Bradesco BBI na operação.
A captação da Raízen amplia as emissões de títulos de dívida, como debêntures, realizadas no mercado local. De janeiro a setembro, as operações registram queda de 29,4% e somam R$ 63,2 bilhões, de acordo com dados da Anbima, associação que representa as instituições que atuam no mercado de capitais. No mês passado, as ofertas de títulos de renda fixa no país foram de R$ 4,1 bilhões. No exterior, as captações com oferta de bônus atingiram US$ 3,4 bilhões em setembro, puxadas pela emissão do BNDES, de US$ 2,5 bilhões.
Apesar da redução, a demanda dos investidores por títulos privados no país continua alta, segundo Márcio Guedes, diretor da Anbima. "Algumas empresas podem ter postergado investimentos com a alta dos juros, mas não existe nenhum problema conjuntural", afirma.
A volta das captações após a fuga de capitais nos meses de maio e junho, com o receio do fim dos estímulos monetários nos Estados Unidos, era um movimento esperado, segundo Guedes. "Havia uma percepção de que o investidor voltaria, até porque a queda da bolsa rendeu oportunidades de compra", diz.
No mercado de renda variável, a retomada das ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) tem sido mais lenta justamente em razão do desempenho mais fraco da bolsa, segundo o executivo. "Quando o mercado está depreciado, o investidor olha menos para os IPOs", afirma.
Fonte: Idea online
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