Publicado em: 03/09/2025 às 20:00hs
O Rabobank prevê que o dólar encerre 2025 cotado a R$ 5,75, refletindo um cenário de equilíbrio entre fatores que fortalecem e fragilizam o real. De acordo com o relatório da instituição, o câmbio deve se beneficiar, no curto prazo, da política comercial dos Estados Unidos e do diferencial de juros, que favorecem a moeda brasileira.
No entanto, riscos geopolíticos e fiscais podem pressionar novamente o real, levando à retomada da desvalorização.
A decisão dos EUA de impor uma tarifa de importação de 50% sobre produtos brasileiros trouxe consequências variadas para o agronegócio.
No caso do café, a competitividade brasileira foi prejudicada, mas a substituição do produto no mercado norte-americano é considerada improvável. Já a carne bovina registrou forte crescimento nos embarques até agosto, com alta de 35% no volume diário e 70% no faturamento. Mesmo com a expectativa de queda a partir de setembro, as exportações devem somar 263 mil toneladas em 2025, alta de 15% frente a 2024.
No açúcar, o efeito recai principalmente sobre o segmento de orgânicos, no qual os EUA têm forte dependência do Brasil. A substituição por outros fornecedores é considerada inviável no curto prazo.
O relatório aponta que os impactos das tarifas tendem a reduzir o PIB e o saldo comercial do Brasil. Mesmo assim, o Rabobank projeta crescimento de 2,0% em 2025 e 1,3% em 2026.
Internamente, a economia dá sinais de desaceleração, com crédito restrito e aumento da inadimplência, apesar de um mercado de trabalho ainda sólido, com desemprego em 5,8%. O consumo das famílias deve ser sustentado por pagamentos de precatórios e expansão do crédito consignado.
Na inflação, o IPCA recuou de 5,4% para 5,2% entre junho e julho, mas continua acima da meta. O governo estima um impacto fiscal de R$ 9,5 bilhões até 2026 em razão das tarifas.
O Banco Central manteve a Selic em 15% ao ano na reunião de julho, justificando a decisão pelas incertezas externas e domésticas. O Rabobank projeta que os cortes só comecem no segundo trimestre de 2026.
Enquanto isso, o real tem se beneficiado do enfraquecimento global do dólar — que perdeu quase 10% frente a moedas desenvolvidas em 2025 — e do diferencial de juros em relação aos EUA.
O Rabobank lista os fatores que podem influenciar a trajetória do real:
Fonte: Portal do Agronegócio
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