Publicado em: 22/10/2025 às 11:40hs
O mercado global de café mantém a trajetória de alta nesta semana, refletindo a combinação de preocupações com o clima nas principais regiões produtoras e incertezas sobre novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos. Na Bolsa de Nova Iorque, o contrato do café arábica para dezembro de 2025 é negociado a 420,15 cents por libra-peso, com avanço de 1,60%, enquanto o contrato para março de 2026 opera a 397,30 cents, e o de maio de 2026, a 380,50 cents.
Em Londres, o café robusta também apresenta valorização expressiva. O contrato de novembro de 2025 é cotado a US$ 4.693 por tonelada (+1,58%), o de janeiro de 2026 a US$ 4.645 (+1,55%) e o de março de 2026 a US$ 4.580 (+1,57%), segundo dados do mercado internacional.
As recentes tarifas de 50% aplicadas pelos Estados Unidos sobre o café brasileiro reduziram significativamente os estoques monitorados pela ICE (Intercontinental Exchange), que atingiram em outubro a mínima de 19 meses, com 467.110 sacas de arábica. O volume de robusta também caiu para o menor nível em três meses, totalizando 6.152 lotes.
A escassez tem levado compradores americanos a cancelar contratos de importação de grãos do Brasil, restringindo a oferta no mercado interno dos EUA, que depende do país para cerca de um terço do café não torrado consumido. A situação pode se agravar com a expectativa de que Donald Trump anuncie novas tarifas sobre a Colômbia, segundo maior produtor mundial de arábica, o que deve gerar ainda mais volatilidade nos preços internacionais.
Na terça-feira (21), as cotações já haviam registrado fortes altas nas bolsas internacionais. Em Nova Iorque, o contrato de dezembro/25 avançou 750 pontos (+1,81%), encerrando a 413,55 cents/libra. O março/26 subiu 795 pontos (+2,03%), para 391,25 cents/libra, enquanto o maio/26 fechou com valorização de 800 pontos (+2,13%), a 375,60 cents/libra.
Na Bolsa de Londres, o contrato novembro/25 encerrou o pregão em US$ 4.620 por tonelada, com alta de 2,25%, e os vencimentos seguintes acompanharam o movimento, refletindo o temor de escassez de oferta global e a redução dos estoques em um cenário de tensões comerciais crescentes.
No cenário doméstico, as chuvas de primavera seguem irregulares nas principais regiões cafeeiras, o que aumenta as preocupações com o pegamento da florada — etapa crucial para a definição da produtividade da próxima safra. A instabilidade climática e a incerteza política internacional têm levado os produtores a adotarem uma postura mais cautelosa nas negociações.
De acordo com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a retomada das chuvas é fundamental para garantir o bom desenvolvimento das lavouras e a adubação adequada visando à safra 2025/26.
Apesar do cenário de incertezas, o poder de compra dos cafeicultores brasileiros melhorou significativamente em 2025. Com o arábica sendo negociado em torno de R$ 2.200 por saca de 60 kg e o robusta acima de R$ 1.350/sc, os produtores têm maior capacidade de investimento na lavoura, especialmente na aquisição de fertilizantes.
O levantamento do Cepea indica que, em outubro, produtores paulistas precisaram de apenas 1,16 saca de arábica tipo 6 para adquirir uma tonelada do adubo formulado 20-00-20. O índice representa uma melhora expressiva frente a 1,44 saca em outubro de 2024 e à média histórica de 2,6 sacas, registrada desde 2011. Esse cenário reforça a rentabilidade da cultura e o potencial de recuperação dos cafezais com o retorno das chuvas.
Fonte: Portal do Agronegócio
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