Publicado em: 29/10/2025 às 11:10hs
O mercado mundial de açúcar atravessa um período de forte pressão baixista, influenciado pela ampla oferta global e pelas projeções de aumento da produção nas principais regiões produtoras. Nas bolsas internacionais, os contratos futuros do adoçante vêm acumulando quedas consecutivas, refletindo as expectativas de excedente e a melhora nas condições climáticas em países-chave, como Brasil, Índia e Tailândia.
Segundo análise da Reuters, os preços seguem pressionados pela perspectiva de estoques mais elevados. O Barchart destaca o avanço da produção brasileira como o principal fator de desvalorização. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), a safra 2025/26 do Centro-Sul apresentou crescimento, e a Datagro projeta nova alta para 2026/27, reforçando a tendência de superávit mundial.
Na ICE Futures, em Nova York, o açúcar bruto registrou nova queda. O contrato de março de 2026 encerrou a sessão cotado a 14,25 centavos de dólar por libra-peso (-0,84%), enquanto os contratos de maio e julho do mesmo ano fecharam a 13,92 (-0,71%) e 13,86 centavos (-0,65%), respectivamente.
Na ICE Europe, em Londres, o açúcar branco também recuou. O contrato de dezembro de 2025 caiu 0,70%, sendo negociado a US$ 414,20 por tonelada, enquanto o contrato de março de 2026 foi cotado a US$ 416,20 por tonelada, mantendo a tendência de baixa observada nos últimos dias.
O aumento expressivo da produção no Centro-Sul brasileiro é um dos principais motores da queda nas cotações internacionais. Dados da Unica indicam que, na segunda quinzena de setembro, a produção de açúcar cresceu 10,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, alcançando 3,137 milhões de toneladas. Além disso, 51,17% da cana processada foi destinada à fabricação de açúcar, ante 47,73% em 2024.
No acumulado da safra 2025/26 até setembro, a produção somou 33,524 milhões de toneladas, avanço de 0,8% frente ao ciclo anterior. Para o próximo ano, a Datagro prevê novo recorde: 44 milhões de toneladas, um aumento de 3,9% sobre a safra atual — número que reforça a perspectiva de excedente global e pressiona ainda mais os preços nas bolsas.
Mesmo com leve redução no volume total de cana processada, o setor mantém ritmo acelerado de moagem. Segundo levantamento da FG/A Finanças, com base em dados da Unica, cerca de 490 milhões de toneladas foram processadas até a segunda quinzena de setembro — resultado 3% menor que o da safra anterior, mas com maior produtividade agrícola.
O mix açucareiro, que alcançou 52,7% até setembro, é o mais alto já registrado, reflexo da priorização do açúcar nas usinas devido a contratos de exportação previamente firmados. No entanto, a recente desvalorização do adoçante começa a tornar o etanol hidratado mais competitivo em algumas regiões produtoras.
Até 24 de outubro, o preço médio do açúcar no mercado interno brasileiro ficou em R$ 2.022 por tonelada, valor inferior à média histórica para o período. A FG/A estima um superávit global de aproximadamente 7 milhões de toneladas na safra 2025/26, reforçando o cenário de excesso de oferta no mercado internacional.
As boas condições climáticas em importantes polos produtores da Ásia também contribuem para o cenário de abundância. Na Índia, o volume de chuvas atingiu 1.524 milímetros, 38% acima da média histórica. Já na Tailândia, o acumulado ficou 17% superior à média da última década, criando perspectivas positivas para o desenvolvimento das lavouras e para uma safra volumosa em 2026.
Com Brasil, Índia e Tailândia caminhando para ampliar suas produções, o mercado global de açúcar deve continuar enfrentando pressão sobre os preços nos próximos meses, mantendo o foco na evolução da demanda e nas estratégias de comercialização das usinas.
Fonte: Portal do Agronegócio
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