Publicado em: 22/04/2025 às 10:40hs
Mercados europeus em queda após críticas de Trump ao Fed
Os mercados acionários europeus registraram queda nesta terça-feira (data não especificada), após novas críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. A ofensiva verbal intensificou os temores sobre a interferência do Executivo na autoridade monetária do país e desencadeou uma onda de venda de ativos americanos, pressionando os rendimentos dos títulos do Tesouro e elevando a cotação do ouro a um novo patamar histórico.
Em publicação nas redes sociais, Trump chamou Powell de "grande perdedor", ao criticar a falta de cortes na taxa de juros. A declaração agravou as preocupações do mercado sobre a independência do Fed, em um contexto de já elevada volatilidade causada por incertezas em torno da guerra comercial e políticas imprevisíveis da Casa Branca. A tensão levou Wall Street a recuar cerca de 2,4% na segunda-feira, enquanto o dólar atingiu o nível mais baixo em três anos.
O presidente americano afirmou na semana passada acreditar que poderia destituir Powell, caso assim desejasse. No entanto, o presidente do Fed já declarou que não deixaria o cargo voluntariamente. A questão sobre a autoridade de Trump para demitir Powell permanece sem resposta clara, embora ações judiciais sobre demissões anteriores estejam sendo analisadas como precedentes.
Na Europa, os mercados mostraram sinais de estabilização durante o pregão desta terça-feira, embora o cenário ainda seja de cautela. Às 09h09 GMT, o índice STOXX 600 recuava 0,4%, enquanto o DAX, da Alemanha, cedia 0,2%. O índice britânico FTSE 100 contrariou a tendência, com alta de 0,2%. Já o MSCI World Equity caiu menos de 0,1% no dia.
Segundo Fiona Cincotta, analista sênior de mercado da City Index, "o mercado está muito agitado, então qualquer sentimento de negatividade, qualquer preocupação, só amplifica os movimentos". A especialista destaca ainda que o confronto entre Trump e Powell acirra a ansiedade dos investidores, já elevada devido à guerra comercial.
O índice do dólar americano operava próximo de 98,369, recuperando-se levemente após atingir, na segunda-feira, seu menor valor desde março de 2022. O euro também registrou leve queda, sendo negociado a US$ 1,1502.
Para Quasar Elizundia, estrategista da corretora Pepperstone, "a independência do Federal Reserve é a base da credibilidade do dólar". Ele alerta que o status da moeda americana como ativo de refúgio já não pode ser considerado garantido, pois está sendo ativamente contestado.
A busca por ativos considerados seguros impulsionou o ouro a um novo recorde, com a cotação atingindo US$ 3.500,05 antes de recuar para cerca de US$ 3.455,43 — ainda assim, com valorização significativa no dia. A alta foi favorecida tanto pela fraqueza do dólar quanto pela crescente aversão ao risco nos mercados.
Nesta semana, os investidores acompanham com atenção a temporada de divulgação de resultados corporativos. Aproximadamente 27% das empresas do S&P 500 devem apresentar seus balanços. A Tesla, que já caiu cerca de 6% na segunda-feira em meio a rumores sobre atrasos na produção, divulga seus números ainda nesta terça-feira. Já a Alphabet, controladora do Google, deve divulgar seus resultados na quinta-feira.
Os preços do petróleo apresentaram alta, impulsionados por cobertura de posições vendidas. No entanto, as preocupações persistem quanto ao impacto das tarifas comerciais dos EUA sobre a demanda global por combustíveis.
Embora as negociações comerciais conduzidas pela Casa Branca estejam em curso ou prestes a começar, especialistas não esperam uma resolução rápida. Segundo analistas do JPMorgan, um acordo comercial leva, em média, 18 meses para ser negociado e 45 meses para ser plenamente implementado.
Em relatório, o banco JPMorgan reiterou sua projeção de que, mantidas as atuais políticas econômicas, há 90% de chance de os Estados Unidos entrarem em recessão até 2025. A avaliação reforça o clima de cautela nos mercados globais.
Em meio às tensões comerciais, o governo chinês alertou na segunda-feira os demais países para que evitem firmar acordos com os EUA que possam prejudicar os interesses da China. A declaração indica a manutenção de um clima de tensão no cenário geopolítico internacional.
Fonte: Portal do Agronegócio
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