Mercado Financeiro

Mercado reduz projeções de inflação até 2028 e prevê leve alta no crescimento do PIB, mostra Boletim Focus

Economistas ajustam expectativas e projetam inflação mais controlada nos próximos anos


Publicado em: 20/10/2025 às 11:08hs

Mercado reduz projeções de inflação até 2028 e prevê leve alta no crescimento do PIB, mostra Boletim Focus

O mercado financeiro voltou a revisar para baixo suas projeções de inflação entre 2025 e 2028, conforme mostra o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (20) pelo Banco Central (BC). A pesquisa, que reúne estimativas de mais de 100 instituições financeiras, também aponta um leve aumento nas expectativas de crescimento econômico para este ano.

Segundo o levantamento, a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 4,72% para 4,70% em 2025, e de 4,28% para 4,27% em 2026. As previsões para os anos seguintes também recuaram: 3,83% para 2027 e 3,60% para 2028, ante 3,90% e 3,68% na pesquisa anterior.

Mesmo com o alívio nas projeções, os economistas ainda não veem a inflação convergindo para o centro da meta oficial de 3%, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que considera variações entre 1,5% e 4,5% como intervalo aceitável.

Meta contínua e atuação do Banco Central

Desde o início de 2025, o Brasil passou a adotar o sistema de meta contínua de inflação, que avalia o comportamento dos preços com base na variação acumulada em 12 meses. O Banco Central ajusta a taxa básica de juros (Selic) para manter a inflação dentro da meta, considerando que as mudanças na taxa demoram entre seis e 18 meses para surtir efeito na economia.

Caso o indicador permaneça fora do intervalo por seis meses consecutivos, o BC é obrigado a justificar o descumprimento da meta por meio de uma carta pública ao ministro da Fazenda. Em junho, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, enviou uma dessas comunicações a Fernando Haddad, explicando que a inflação havia superado o teto de 4,5% devido ao aquecimento da atividade econômica, à valorização do dólar, ao aumento no custo da energia elétrica e a anomalias climáticas.

Projeção para o PIB sobe levemente

As expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) também foram revisadas. O mercado projeta um crescimento de 2,17% em 2025, ligeiramente acima dos 2,16% da semana anterior, enquanto a estimativa para 2026 permanece em 1,80%. O PIB é o principal indicador de desempenho econômico, somando todos os bens e serviços produzidos no país.

Selic deve permanecer em 15% neste ano

Em relação à taxa Selic, o mercado manteve as projeções: o juro básico da economia deve encerrar 2025 em 15% ao ano, mesmo patamar atual, e cair para 12,25% ao fim de 2026. Para 2027, a expectativa é de uma nova redução, para 10,50% ao ano.

A manutenção das taxas sugere que o Banco Central pretende seguir cauteloso no processo de afrouxamento monetário, diante das incertezas sobre o comportamento da inflação e dos efeitos das condições externas sobre a economia brasileira.

Cenário cambial e balanço comercial

O câmbio também deve permanecer estável, segundo as projeções do Focus. A expectativa para o dólar no fim de 2025 é de R$ 5,45, e para 2026, de R$ 5,50.

Na balança comercial, o superávit esperado foi ajustado de US$ 62 bilhões para US$ 61,15 bilhões em 2025 e de US$ 65,72 bilhões para US$ 65,22 bilhões em 2026.

Quanto ao investimento estrangeiro direto (IED), as projeções seguem em US$ 70 bilhões tanto para 2025 quanto para 2026, indicando estabilidade nas expectativas de entrada de capital produtivo no país.

Inflação mais baixa, mas poder de compra ainda em risco

Apesar do recuo nas projeções de inflação, economistas alertam que o cenário ainda exige atenção. Quando os preços sobem de forma persistente, o poder de compra da população, especialmente das famílias de menor renda, é comprometido, já que os salários costumam subir em ritmo mais lento do que a inflação.

Fonte: Portal do Agronegócio

◄ Leia outras notícias
/* */ --