Publicado em: 11/07/2025 às 11:30hs
O mercado de milho no Sul do Brasil mantém-se com liquidez muito reduzida e negociações praticamente estagnadas. No Rio Grande do Sul, a dependência de milho de outras regiões permanece alta. As cotações para entrega em agosto oscilam entre R$ 66,00 e R$ 70,00, mas sem fechamento de negócios devido à baixa demanda.
Em Santa Catarina, o milho local perde competitividade e se iguala ao preço do milho importado. No Planalto Norte, as pedidas giram em R$ 80,00 por saca, enquanto as ofertas não ultrapassam R$ 75,00. Em Campos Novos, a disparidade é ainda maior, com pedidos entre R$ 83,00 e R$ 85,00 e ofertas CIF de até R$ 75,00.
No Paraná, a negociação é travada pela resistência dos produtores e cautela dos compradores. Nos Campos Gerais, as pedidas ficam em torno de R$ 76,00 a saca FOB, com algumas negociações pontuais a R$ 80,00, enquanto as ofertas CIF permanecem em R$ 73,00, voltadas principalmente para a indústria de rações.
Em Mato Grosso do Sul, a liquidez também está baixa, com forte pressão baixista nos preços. A região de Campo Grande destaca-se como a que registrou maior recuo semanal, com preços médios próximos de R$ 45,00, refletindo a falta de firmeza nos negócios.
Na manhã desta sexta-feira (11), os contratos futuros do milho na Bolsa Brasileira (B3) operavam próximos da estabilidade, com preços oscilando entre R$ 62,45 (julho/25) e R$ 71,06 (janeiro/26). Os vencimentos julho e setembro apresentavam pequenas quedas, enquanto novembro e janeiro registravam ligeiras altas.
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os preços internacionais do milho operavam com leves quedas. Por volta das 9h44 (horário de Brasília), o contrato julho/25 valia US$ 4,05 por bushel (-1,75 ponto), enquanto setembro e dezembro caíam cerca de 2,25 pontos. A leve desvalorização ocorre em meio à expectativa dos investidores pela próxima divulgação dos dados de oferta e demanda do USDA.
Segundo o analista Bruce Blythe, da Farm Futures, o clima favorável no Centro-Oeste americano, com chuvas abundantes e temperaturas amenas durante a fase de polinização do milho, reforça a perspectiva de uma safra recorde, o que limita as tentativas de recuperação nos preços.
Na quinta-feira (10), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aumentou a projeção da colheita total de milho para 131,97 milhões de toneladas, ante os 128,25 milhões estimados anteriormente. O crescimento foi puxado pelo avanço do milho safrinha, cuja produção passou de 101,01 para 104,54 milhões de toneladas.
Esse aumento da oferta doméstica tem pressionado os preços na B3, mesmo com as previsões de elevação nas exportações. De acordo com a consultoria TF Agroeconômica, os contratos futuros do milho fecharam a quinta em queda, com o vencimento julho/25 cotado a R$ 62,46, setembro/25 a R$ 62,95 e novembro/25 a R$ 66,61, todas com perdas diárias moderadas.
Na Bolsa de Chicago, os contratos encerraram estáveis, com o vencimento setembro mantido em US$ 3,99 por bushel e dezembro com leve alta de 0,24%, a US$ 4,16. Apesar disso, os preços permanecem próximos aos menores níveis dos últimos oito meses. O movimento de leve recuperação foi impulsionado por um relatório positivo de vendas externas, 46% superior à semana anterior.
Além dos fundamentos de oferta e demanda, o mercado monitora atentamente as recentes ameaças tarifárias do ex-presidente Donald Trump. A proposta de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, válida a partir de 1º de agosto, pode ter impacto indireto sobre o milho, já que o cereal é amplamente utilizado na alimentação animal e os EUA são um dos maiores compradores da carne brasileira.
Também são observadas as tarifas direcionadas a outros países, como Canadá, Japão e Coreia do Sul, que reforçam a preocupação com possíveis repercussões no comércio internacional e na dinâmica dos preços.
Esse cenário sugere que, apesar da baixa liquidez e da pressão nos preços, o mercado do milho deve seguir em compasso de espera até a divulgação dos dados oficiais, enquanto fatores climáticos e comerciais continuam influenciando as negociações.
Fonte: Portal do Agronegócio
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