Publicado em: 26/06/2025 às 10:40hs
A soja passou por forte volatilidade na Bolsa de Chicago (CBOT) nesta semana. Na quarta-feira (25), os contratos futuros encerraram o pregão em queda pelo quarto dia consecutivo, refletindo o clima favorável ao desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos. O contrato de julho caiu 2,05%, fechando em US$ 10,25 por bushel, enquanto o de agosto recuou 1,98%, cotado a US$ 10,29. O farelo de soja também teve queda de 1,60%, a US$ 276 por tonelada curta, e o óleo recuou 0,67%, encerrando a US$ 51,82 por libra-peso.
As boas condições climáticas no Meio-Oeste americano, com chuvas regulares e temperaturas elevadas, sustentaram o movimento de vendas técnicas. A expectativa de aumento na área plantada nos EUA, que será confirmada no relatório do dia 30 de junho, também contribuiu para o cenário de baixa.
Outro fator de pressão foi o início do aviso de entrega dos contratos de julho, que costuma gerar volatilidade e ajustes nas posições dos investidores. Apesar disso, na manhã de quinta-feira (26), os preços voltaram a subir levemente, com altas entre 3 e 4 pontos nos principais contratos. Essa recuperação parcial está relacionada à realização de lucros e ao alinhamento técnico do mercado, mesmo com a ausência das compras chinesas.
O complexo soja (farelo e óleo) tem operado com leve valorização, influenciado pelas incertezas geopolíticas e pela redução temporária das retenciones na Argentina, válidas até o fim de junho.
No Brasil, o mercado da soja segue pressionado por fatores internos, como a logística e os níveis de armazenagem. No Paraná, a colheita está finalizada, com avanço na armazenagem, mas o mercado segue cauteloso. Em Paranaguá, a saca foi cotada a R$ 132,98 (+0,73%), em Cascavel a R$ 119,13 (+0,73%) e em Maringá a R$ 120,63 (+0,32%). Em Ponta Grossa, o preço atingiu R$ 120,70 (+1,12%) por saca FOB, e no balcão local foi de R$ 130,00. Já em Pato Branco, houve queda de 0,78%, com a saca a R$ 134,43.
Em Santa Catarina, apesar da boa produtividade, a comercialização avança lentamente, impactada pela queda nos prêmios de exportação e nas cotações internacionais. No porto de São Francisco do Sul, a saca foi negociada a R$ 134,48 (+0,37%).
A situação é mais delicada no Rio Grande do Sul. Segundo a TF Agroeconômica, a baixa qualidade dos grãos e a produção reduzida de sementes têm gerado preocupação para o próximo ciclo. A precificação mudou para julho, com negócios a R$ 137,00 para entrega entre os dias 15 e 30/07. Os melhores preços foram registrados para agosto: R$ 140,00 com pagamento no dia 29/08. No interior, as cotações em fábricas giraram em torno de R$ 132,00 em municípios como Cruz Alta, Passo Fundo, Ijuí e Santa Rosa. Já o preço de pedra em Panambi caiu para R$ 119,00 por saca ao produtor.
No Mato Grosso do Sul, a instabilidade logística e a falta de estrutura de armazenagem continuam sendo os principais entraves à comercialização. Com margens apertadas, os produtores dependem de uma infraestrutura eficiente para manter a competitividade. Em Dourados, Campo Grande, Maracaju e Sidrolândia, o preço spot da soja foi de R$ 118,30 (+1,15%). Já em Chapadão do Sul, houve leve queda de 0,14%, com a saca a R$ 109,95.
No Mato Grosso, a preocupação é com o colapso logístico provocado pela colheita da safrinha de milho, que pressiona a armazenagem da soja. Em Campo Verde e Primavera do Leste, a saca foi cotada a R$ 112,71 (+2,06%). Em Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e Sorriso, os preços ficaram em R$ 107,17 (+1,23%).
Apesar das pressões externas, o mercado brasileiro acompanha com atenção a política interna. A aprovação do aumento das misturas de etanol (E30) e de biodiesel (B15), com vigência a partir de 1º de agosto, pode estimular a demanda por milho e soja. Caso ocorra um desequilíbrio entre oferta e demanda, isso pode provocar uma reversão na tendência de baixa, elevando os preços tanto no mercado doméstico quanto internacional.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias