Publicado em: 26/11/2025 às 10:55hs
A taxa média de juros cobrada pelos bancos brasileiros voltou a subir em outubro, alcançando 46,3% ao ano, o maior nível desde 2017. O aumento reflete o cenário de Selic em 15% ao ano, mantida pelo Banco Central como parte da estratégia de combate à inflação. Esse é o patamar mais alto da taxa básica em quase duas décadas.
De acordo com dados divulgados pelo Banco Central (BC), os juros médios das operações com empresas subiram de 24,2% ao ano em setembro para 25,2% em outubro, enquanto os custos do crédito para pessoas físicas avançaram de 58,3% para 58,7% no mesmo período.
O levantamento considera operações com recursos livres, ou seja, não inclui financiamentos habitacionais, crédito rural e operações via BNDES.
Apesar de pequenas reduções, o custo das principais modalidades de crédito de consumo segue elevado.
No cheque especial, a taxa de juros caiu de 140,7% para 139,3% ao ano. Já no rotativo do cartão de crédito, o recuo foi de 443,7% para 439,8% ao ano.
Mesmo com essa leve queda, o crédito rotativo continua sendo o mais caro do mercado, superando os 400% ao ano. Desde janeiro de 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) limitou o valor total da dívida nessa modalidade, que não pode ultrapassar 100% da dívida original. Ainda assim, o juro altíssimo continua sendo um desafio para consumidores endividados.
Especialistas reforçam a recomendação de evitar o uso do rotativo e pagar o valor integral da fatura mensalmente para escapar do acúmulo de encargos.
Mesmo com o encarecimento do crédito, o volume total de operações no sistema financeiro cresceu 0,9% em outubro, somando R$ 6,9 trilhões.
Segundo o Banco Central, o crédito às empresas teve alta de 0,3%, atingindo R$ 2,6 trilhões, enquanto o crédito para pessoas físicas aumentou 1,3%, totalizando R$ 4,3 trilhões.
Entre as modalidades que mais cresceram, destacam-se:
O avanço dos juros e o alto custo do crédito se refletem diretamente no aumento da inadimplência. Em outubro, a taxa média de calotes no sistema financeiro subiu para 4%, o maior valor desde o início da série histórica do Banco Central, em 2011.
Nas operações com pessoas físicas, a inadimplência passou de 4,8% para 4,9%, alcançando o maior patamar desde 2013. Já entre as empresas, o índice ficou em 2,5%, mantendo-se próximo do pico registrado em agosto.
Em nota, o Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) destacou que os ativos problemáticos continuam em alta, especialmente no crédito rural, que apresenta perspectiva negativa.
Outro ponto de alerta é o endividamento das famílias brasileiras. O Banco Central informou que o comprometimento da renda com dívidas bancárias chegou a 49,1% da renda acumulada nos últimos 12 meses até setembro — o maior nível desde novembro de 2022, período ainda afetado pelos impactos da pandemia da Covid-19.
Segundo a autoridade monetária, o endividamento segue em um patamar historicamente elevado, e a tendência é de alta, pressionada pelos juros elevados e pelo crescimento das modalidades de crédito mais caras, como o cartão de crédito e o crédito pessoal.
O ambiente de crédito restritivo afeta não apenas o consumo das famílias, mas também empresas do agronegócio, que dependem de financiamentos para custeio e investimentos.
Com a Selic em 15%, o custo das linhas de crédito privadas segue elevado, reduzindo a margem de lucro e dificultando o acesso a novos recursos — especialmente para produtores de pequeno e médio porte.
Para analistas do setor, a combinação entre juros altos, inflação persistente e inadimplência recorde mantém o sistema financeiro sob pressão e limita a expansão do crédito produtivo, essencial para a retomada do crescimento econômico.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias