Publicado em: 10/12/2025 às 10:45hs
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação brasileira, registrou alta de 4,46% nos 12 meses até novembro, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou abaixo do teto da meta de inflação — de 4,5% — pela primeira vez desde setembro de 2024, quando o acumulado foi de 4,42%.
Na comparação mensal, o IPCA avançou 0,18% em novembro, após alta de 0,09% em outubro. Esse foi o menor resultado para o mês desde 2018, quando a taxa ficou em 0,21%, e ficou ligeiramente abaixo da expectativa do mercado, que projetava 0,20%, segundo pesquisa da Reuters.
A meta de inflação contínua definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, entre 1,5% e 4,5%.
Com o novo resultado, o IPCA volta a se enquadrar dentro do intervalo permitido, o que reforça o cenário de estabilidade monetária e deve manter a taxa básica de juros (Selic) em 15%, conforme expectativa majoritária do mercado.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anuncia nesta quarta-feira (10) sua última decisão de juros de 2025. O presidente da instituição, Gabriel Galípolo, reafirmou recentemente que o BC manterá os juros “no nível necessário, pelo tempo necessário” para garantir que a inflação convirja para o centro da meta, e não apenas para o teto.
O principal impacto positivo no IPCA de novembro veio das passagens aéreas, que subiram 11,9%, após alta de 4,48% em outubro. Esse aumento elevou a inflação de serviços, considerada uma das principais preocupações do Banco Central, de 0,41% para 0,60%.
O item hospedagem também pressionou o índice, com avanço de 4,09%, influenciado principalmente pelo aumento de 178% nos preços em Belém (PA), impulsionado pela realização da COP-30. Com isso, o grupo Despesas pessoais teve alta de 0,77%, acima do 0,45% registrado no mês anterior.
Outro destaque foi a energia elétrica residencial, que subiu 1,27%, refletindo reajustes tarifários em concessionárias e a bandeira vermelha patamar 1 em vigor durante o mês, com cobrança adicional de R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos.
A Aneel já informou que, em dezembro, a bandeira passará a ser amarela, reduzindo o custo adicional para R$ 1,88 a cada 100 kWh.
Na contramão dos aumentos em serviços, o grupo Alimentação e bebidas registrou variação negativa de 0,01% em novembro, contribuindo para segurar a inflação geral. A alimentação no domicílio caiu 0,20%, completando seis meses consecutivos de queda, reflexo da maior oferta de produtos agrícolas e recuo nos preços de hortaliças e grãos.
O índice de difusão — que mede o percentual de itens com alta de preços — subiu de 52% em outubro para 56% em novembro, mostrando leve aumento na disseminação das variações, mas ainda em patamar controlado.
A mais recente Pesquisa Focus, do Banco Central, mostra que as expectativas para a inflação seguem em trajetória de desaceleração. O mercado financeiro projeta que o IPCA deve encerrar 2025 com alta de 4,40%, mantendo-se dentro da faixa da meta, com a Selic estabilizada em 15%.
Com o resultado de novembro, o Brasil confirma uma tendência de controle gradual da inflação, mesmo diante das pressões sazonais sobre o setor de serviços e da volatilidade nos preços administrados.
Fonte: Portal do Agronegócio
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