Mercado Financeiro

Inflação segue alta e disseminada, e mercado de trabalho surpreende, diz presidente do Banco Central

Gabriel Galípolo defende manutenção da meta de 3% e afirma que alta da Selic foi necessária para conter pressões inflacionárias


Publicado em: 09/07/2025 às 18:40hs

Inflação segue alta e disseminada, e mercado de trabalho surpreende, diz presidente do Banco Central
Inflação ainda pressionada e espalhada entre os setores

A inflação no Brasil continua acima da meta e apresenta ampla disseminação entre os diversos itens que compõem o IPCA, segundo destacou o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, durante audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (10).

Ele ressaltou que 72,5% dos componentes do IPCA estão acima da meta, o que indica um processo inflacionário persistente e espalhado, e não pontual.

Mercado de trabalho segue aquecido e surpreendendo

Galípolo também apontou que o mercado de trabalho brasileiro permanece aquecido, contrariando expectativas e sustentando uma atividade econômica robusta. Mesmo ao desconsiderar o desempenho do agronegócio — que deve alcançar mais uma safra recorde —, a economia segue apresentando crescimento expressivo, segundo o presidente do BC.

Selic elevada para conter inflação

O presidente do BC defendeu a recente elevação da taxa Selic para 15% ao ano, decidida em junho com um aumento de 0,25 ponto percentual. Segundo ele, essa medida foi necessária para que a taxa básica de juros atingisse um patamar suficientemente contracionista, capaz de conter a inflação e reconduzi-la ao centro da meta.

“Tenho visto que a maior parte das críticas à elevada taxa de juros, de 15%, muitas vezes está associada à sugestão de que não se deveria cumprir a meta. Mas a meta não é opcional. Ela é de 3%, conforme decreto”, afirmou Galípolo.

Ele também explicou que o centro da meta é 3%, com banda de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, mas que isso não significa liberdade para perseguir o objetivo de forma leniente.

Expectativas desancoradas incomodam Copom

Galípolo afirmou que todos os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) estão “bastante incomodados” com a desancoragem das expectativas de inflação por parte do mercado. O BC, segundo ele, permanece comprometido com o centro da meta, e não com um intervalo flexível como muitos vêm sugerindo.

Selic deve permanecer alta por um período prolongado

Com a taxa Selic atualmente em 15%, o Banco Central já sinalizou que não deve realizar novas elevações no curto prazo, mas que a taxa deve permanecer neste patamar elevado por um período prolongado.

O ciclo atual de alta teve início em setembro de 2024, quando a Selic estava em 10,50%, e foi elevado gradualmente até atingir o maior nível dos últimos 20 anos.

Projeções de inflação e valorização do real

De acordo com o Boletim Focus, as projeções de inflação estão em 5,18% para 2025 e 4,50% para 2026, ainda acima da meta estipulada.

Galípolo também destacou que o aumento da Selic elevou o carry trade do real — ou seja, a rentabilidade de investidores estrangeiros por manterem posições na moeda brasileira. Como resultado, o real foi uma das moedas que mais se valorizaram no mundo em 2025, superando outras divisas emergentes.

A fala do presidente do Banco Central reforça o compromisso da instituição com o controle da inflação, mesmo diante de críticas à política monetária restritiva. O cenário atual exige cautela, com juros elevados sendo considerados necessários para conter as pressões inflacionárias em um ambiente de atividade econômica aquecida e expectativas ainda distantes do centro da meta.

Fonte: Portal do Agronegócio

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