Publicado em: 19/12/2024 às 18:40hs
Não Há Solução Imediata para o Problema Fiscal
O futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira que a questão fiscal do Brasil não possui uma solução rápida ou definitiva. Em entrevista coletiva em Brasília, Galípolo enfatizou que o problema exige um tratamento contínuo, descartando a ideia de uma "bala de prata" capaz de resolver as contas públicas em curto prazo.
Galípolo destacou que tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconhecem que o esforço fiscal deve ser constante. "Ninguém imaginou que seria possível apresentar algo que, em poucos meses, resolveria o problema fiscal. Esse é um trabalho que precisa ser feito de maneira contínua", declarou.
O governo enviou ao Congresso um pacote de medidas para contenção de gastos, mas o conjunto de propostas foi considerado insuficiente para estabilizar a dívida pública. O projeto, em análise no Congresso durante a última semana antes do recesso parlamentar, enfrentou desidratações durante sua tramitação, gerando turbulências no mercado financeiro.
Segundo Galípolo, o mercado reage de maneira natural às decisões fiscais, mas a avaliação dessas medidas exige um tempo legítimo, parte do processo democrático. Ele também reforçou que cabe ao BC monitorar como o mercado reage às condições fiscais e seus efeitos sobre os preços.
O atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que participou da entrevista ao lado de Galípolo, afirmou que a percepção do mercado de insuficiência do pacote fiscal não deve ser ignorada. "Quando o mercado percebe uma falta de credibilidade no campo fiscal, o BC tenta reforçar ao máximo a credibilidade na política monetária", explicou.
Campos Neto também rejeitou a ideia de que o BC possa atuar isoladamente para lidar com as questões fiscais. Ele e Galípolo destacaram que as ferramentas da autoridade monetária, como a política cambial, continuam em funcionamento e visam apenas corrigir disfuncionalidades no mercado, como o recente aumento no fluxo de dólares para fora do país.
Ambos os dirigentes responderam a questionamentos sobre a possibilidade de dominância fiscal, cenário em que a política monetária perde eficácia devido ao descontrole das contas públicas. Galípolo e Campos Neto enfatizaram que a instituição mantém instrumentos para lidar com os desafios fiscais e cambiais, reafirmando o compromisso do BC com a estabilidade econômica.
A gestão fiscal continua no centro do debate econômico brasileiro, com o Banco Central destacando o papel da persistência em medidas de ajuste. Apesar das turbulências de mercado, a postura do BC reforça o compromisso com a estabilidade econômica e o diálogo contínuo com a política fiscal.
Fonte: Portal do Agronegócio
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