Mercado Financeiro

FIDCs ganham espaço no agronegócio e podem movimentar mais de R$ 1 trilhão até 2027

Fundos estruturados se consolidam como alternativa ao crédito público, oferecendo mais agilidade e previsibilidade para produtores rurais


Publicado em: 08/09/2025 às 09:30hs

FIDCs ganham espaço no agronegócio e podem movimentar mais de R$ 1 trilhão até 2027

O Plano Safra 2025/26 destinou R$ 516,2 bilhões ao crédito rural, mas apenas R$ 113,8 bilhões (22%) contam com juros subsidiados. O restante segue condições de mercado e enfrenta entraves técnicos, ambientais e burocráticos. Diante desse cenário, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) têm se consolidado como solução ágil e estratégica para financiar o agronegócio.

Em maio de 2025, o patrimônio líquido dos FIDCs alcançou R$ 630 bilhões, crescimento de 18% em relação ao ano anterior. A previsão é que esse valor ultrapasse R$ 1 trilhão até 2027.

Por que os FIDCs atraem o agro

Os FIDCs oferecem análise técnica antecipada, processos digitais e liberação de recursos em até 10 dias úteis — bem mais rápido que o crédito público. Além disso, utilizam instrumentos como a Cédula de Produto Rural (CPR) e garantias reais, como penhor de safra ou alienação de imóveis, permitindo estruturas sob medida para cada produtor.

Segundo Gustavo Assis, CEO da Asset Bank, o diferencial está no acompanhamento técnico feito antes, durante e após a concessão:

“O produtor não pode mais depender de um crédito que chega atrasado ou em volume insuficiente. O melhor recurso é aquele que atende à necessidade do negócio no tempo certo.”

Benefícios para toda a cadeia produtiva

A versatilidade dos FIDCs permite atender desde pequenos produtores até agroindústrias e fornecedores de insumos. Estruturas integradas reduzem o risco de inadimplência, já que conectam diferentes elos da cadeia, como produtores de cana e usinas consumidoras de biomassa.

Para os investidores, os fundos oferecem carteiras diversificadas por culturas, regiões e perfis de tomadores, além de proteção por meio de garantias reais e cotas subordinadas.

Profissionalização e crédito estratégico

O avanço dos FIDCs acompanha a modernização da gestão no campo. A transição geracional em grupos familiares tem impulsionado maior rigor na avaliação do custo de capital, além da busca por proteção patrimonial e estratégias financeiras de longo prazo.

“Hoje conseguimos oferecer crédito sob medida, com análise técnica em campo e liberação no momento certo da safra. Isso muda completamente a dinâmica de quem está produzindo”, destaca Assis.

Mudança de paradigma no financiamento rural

Mais que alternativa ao crédito público, os FIDCs representam um novo modelo de financiamento, aproximando o mercado de capitais do agronegócio. Ao oferecer previsibilidade e agilidade, ajudam a romper a dependência histórica de linhas estatais e fortalecem a autonomia financeira do setor.

Em um país onde o agro responde por cerca de 25% do PIB, destravar o acesso ao capital de forma eficiente é um passo essencial para manter a competitividade nacional.

Fonte: Portal do Agronegócio

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