Mercado Financeiro

FG/A lança FIAGRO de R$ 350 milhões para investir em CRA

Valor mínimo da oferta é R$ 100 milhões; há a possibilidade de serem emitidas cotas do lote adicional em mais R$ 70 milhões


Publicado em: 23/08/2021 às 09:40hs

FG/A lança FIAGRO de R$ 350 milhões para investir em CRA

A gestora FG/A, controlada pelo grupo financeiro de Ribeirão Preto (SP) de mesmo nome e que tem foco no segmento sucroalcooleiro, lançou no dia 9 uma proposta de fundo de investimento no agronegócio (Fiagro) que tem por objetivo levantar até R$ 350 milhões para investimentos prioritários em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA).

De acordo com minuta de prospecto protocolada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que ainda pode sofrer alterações até o lançamento da oferta, o valor mínimo é R$ 100 milhões. A oferta prevê, ainda, a possibilidade de serem emitidas cotas do lote adicional em mais R$ 70 milhões. O valor mínimo de aporte por investidor é R$ 10 mil, sendo que cada cota vale R$ 100. A distribuição dos lucros aos cotistas deve ser de ao menos 95%, com base nos balanços semestrais. O fundo pagará 1% de taxa de administração e taxa de performance de 20% sobre o valor distribuído aos cotistas que exceder a variação das taxas DI (deduzidos encargos e taxas).

O fundo deve manter ao menos 67% de seu patrimônio líquido em CRA (“ativos-alvo”).

O restante dos recursos pode ser aplicado em outros “ativos de liquidez”, como cotas de outros fundos que apliquem em CRA, Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e outros instrumentos de crédito rural. Mas a grande “tese de investimento” são os CRAs.

A gestora não concedeu entrevista porque está em período de silêncio. Mas, no documento protocolado, a FG/A expõe sua visão de que há um “grande potencial de expansão” das emissões desses títulos, que hoje corresponderiam a cerca de 8% de todo o endividamento do agronegócio - ou R$ 48 bilhões -, enquanto financiadores tradicionais, como bancos, possuem uma parcela maior (R$ 321 bilhões, ou 53% do total). Nas dívidas em CRA, o setor sucroalcooleiro é o terceiro maior emissor.

Sem ratings

A maior aposta da gestora são os certificados que não têm classificação de rating e que, portanto, não têm muitas informações em circulação no mercado. Na minuta, a gestora afirma que esses serão os principais ativos do fundo, “visando capturar o valor oriundo da assimetria de informação entre o que a equipe da gestora conhece e a informação que é pública”.

A gestora deve utilizar a experiência do grupo FG/A em assessoria financeira para direcionar a estratégia. No prospecto, a gestora diz que “utiliza metodologia própria de avaliação das empresas devedoras e de emissoras de títulos de crédito”. A exigência comum é que os CRAs tenham ao menos garantia real ou fidejussória (fiança ou aval).

A FG/A já prestou assessoria financeira para a emissão de CRAs, debêntures incentivadas e outros títulos de dívida, sobretudo de usinas de cana, além de ter apoiado o IPO da Jalles Machado e de ter participado de operações de financiamento junto a bancos comerciais e ao BNDES, somando R$ 16 bilhões em emissões de instrumentos financeiros. Desse valor, apenas em instrumentos emitidos no mercado de capitais (dívida e ações) foram apoiadas operações de aproximadamente R$ 5 bilhões. A gestora foi montada pelo grupo no início do ano, com a aquisição da Hagros, em fevereiro.

No prospecto, a gestora informa que, caso ocorram situações de conflito de interesse, em que o fundo aplique recursos em títulos cuja colocação seja assessorada pela consultoria do grupo, as decisões serão submetidas à assembleia geral de cotistas do fundo.

O fundo também poderá investir em CRAs com rating. De acordo com o prospecto, a gestora terá que escolher apenas títulos com classificação de risco “A-” ou acima desse patamar. São vedadas, porém, aplicações em derivativos, locação de títulos e day trade.

Fonte: Grupo Idea

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