Mercado Financeiro

Expectativas para a Selic: Mercado Preveem Alta e Especialistas Orientam sobre os Melhores Investimentos

Com o aumento dos juros, especialistas apontam oportunidades para investidores, mas alertam para os riscos e a importância do perfil de risco


Publicado em: 06/11/2024 às 10:45hs

Expectativas para a Selic: Mercado Preveem Alta e Especialistas Orientam sobre os Melhores Investimentos

Na próxima quarta-feira, 6 de novembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgará sua decisão sobre a taxa Selic, com o mercado aguardando um aumento de 0,50 ponto percentual, o que eleva a taxa para 11,25% ao ano. Além disso, muitos especialistas acreditam que há chances de mais um ajuste até o final deste ano.

O especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, Nicolas Gass, prevê que os juros devem continuar subindo no início de 2024. Segundo ele, o ritmo desse aumento dependerá fortemente das medidas fiscais adotadas pelo governo brasileiro. "O pacote de medidas fiscais e o corte de despesas terão um impacto direto nas decisões de política monetária. A intensidade desse corte pode até influenciar as discussões na reunião do Copom em dezembro", afirma Gass.

Cassiana Garcia, planejadora financeira e sócia da The Hill Capital, destaca que a falta de um posicionamento claro por parte do governo em relação ao controle das despesas públicas gera incertezas no mercado. "A comunicação entre o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o compromisso com a redução de custos governamentais é crucial. Se o pacote de corte de gastos não for aprovado, podemos enfrentar dificuldades nos próximos dois anos. No entanto, se houver uma atitude responsável em relação ao controle fiscal, a percepção do mercado mudará rapidamente", afirma Garcia.

Por outro lado, Octávio Gomes, sócio da AVG Capital, lembra que o mercado já precifica uma Selic superior a 13% para o próximo ano, o que favorece a renda fixa. "Em um cenário com juros mais altos, os investidores podem buscar títulos atrelados ao CDI, especialmente os pós-fixados, que refletirão diretamente as elevações nas próximas reuniões do Copom. Embora esses níveis de taxa sejam desfavoráveis para a economia em geral, oferecem oportunidades para investidores conservadores, com rentabilidades próximas a 1% ao mês e baixo risco", explica Gomes.

Para investidores pessoa física, ele recomenda papéis isentos de Imposto de Renda, como LCI e LCA, principalmente no formato pós-fixado, além de CDBs que também acompanham as altas nas taxas de juros. Gomes sugere prazos de até dois anos, uma vez que o cenário político e a possibilidade de mudança de governo podem gerar incertezas sobre o futuro econômico.

Oswaldo Meireles, planejador financeiro CFP e sócio da Eu Me Banco, enfatiza que a escolha dos investimentos dependerá muito do perfil de risco do investidor. "Títulos prefixados oferecem a previsibilidade de rentabilidade no vencimento, mas podem sofrer variações em função da inflação e da desvalorização do real. Já os títulos IPCA+ combinam a rentabilidade prefixada com a correção pela inflação, o que pode trazer ganhos na parte pós-fixada caso a inflação continue alta", explica Meireles, alertando que quanto mais longo o vencimento, maior o risco de perda. "A melhor alocação dependerá do perfil e dos objetivos do investidor", acrescenta.

Andressa Bergamo, sócia-fundadora da AVG Capital, reforça a importância de avaliar o prazo dos investimentos. "Títulos com vencimentos mais longos, apesar de oferecerem rentabilidades maiores, são mais suscetíveis a variações nas taxas de juros e podem gerar volatilidade. Se o investidor tem um horizonte de longo prazo e está disposto a tolerar essa volatilidade, pode ser interessante optar por prazos mais longos. Já para os mais conservadores, os títulos de vencimento mais curto são menos sensíveis a essas flutuações", aconselha Bergamo.

Por fim, a bolsa de valores tende a ser impactada negativamente pelo aumento da taxa de juros, segundo Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais. "O aumento da taxa de desconto reduz o valor das empresas, o que pode afetar as ações, especialmente em setores dependentes da economia e do crédito. Além disso, empresas endividadas enfrentam custos de dívida mais altos, o que pode prejudicar sua avaliação", explica Alves.

Para ele, o momento exige cautela e diversificação no portfólio. "A liquidez é fundamental em cenários de incerteza. Quem tiver caixa disponível poderá aproveitar as oportunidades que surgirem no mercado, principalmente com a queda nos preços das ações", conclui Alves, destacando que ativos pós-fixados atrelados ao CDI são uma boa opção para acompanhar a alta dos juros.

Fonte: Portal do Agronegócio

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