Mercado Financeiro

ECONOMIA: Analistas preveem mais volatilidade no dólar até as eleições

A alta do dólar ante o real na terça-feira (21/08), praticamente ignorou a tendência internacional, uma vez que a moeda americana mostrou enfraquecimento em relação à maioria das divisas emergente


Publicado em: 27/08/2018 às 17:20hs

ECONOMIA: Analistas preveem mais volatilidade no dólar até as eleições

A alta do dólar ante o real nesta terça-feira (21/08), praticamente ignorou a tendência internacional, uma vez que a moeda americana mostrou enfraquecimento em relação à maioria das divisas emergentes. Foi mesmo o cenário interno que mais pesou na disparada da moeda, que chegou a R$ 4,04. Segundo analistas, o que se viu é uma amostra do que o mercado vai enfrentar até as eleições de outubro. Os próximos meses, eles dizem, serão de volatilidade.

Perspectiva - Apesar de distante do cenário de oscilações de 2002, às vésperas da eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a perspectiva de um segundo turno entre o PT e Jair Bolsonaro deve afastar o dólar do patamar de R$ 3. Os resultados das últimas pesquisas eleitorais concentram as atenções nos mercados desde a última segunda-feira. Um cenário de segundo turno entre o candidato do PT e o deputado Jair Bolsonaro (PSL) desagrada aos investidores.

Referência - Existia uma preferência por parte do mercado que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, mais alinhado às reformas iniciadas pelo governo Temer, estivesse à frente nas intenções de voto, após ter fechado uma aliança com partidos do centrão, mas isso não está dado nas pesquisas divulgadas até agora, diz o economista da LCA Consultores, Fábio Romão.

Balde de água fria - Ele analisa que o programa petista e o histórico de posições intervencionistas de Bolsonaro são um balde de água fria nas expectativas do mercado. “O mercado imagina que um eventual segundo turno entre o ex-prefeito Fernando Haddad, que substituiria Lula na cabeça da chapa do PT, e Bolsonaro poderia poluir o atual cenário, de uma economia ainda frágil.”

Pressão - Na visão do economista-chefe da Spinelli, André Perfeito, essa pressão sobre o dólar já existia antes, mas o Banco Central estava “jogando o problema para baixo do tapete, por meio dos swaps. Na verdade, sem a intervenção do Banco Central, já era para o dólar ter passado dos R$ 4”.

Segurança - O economista diz acreditar que o dólar nos próximos meses, apesar de poder oscilar para baixo ou para cima, deve ficar mais no patamar dos R$ 4 durante o período eleitoral. “Acho que não deve chegar a R$ 5, mas não há segurança suficiente no cenário atual, para que volte ao patamar de antes .”

Maior depreciação - Na avaliação de Martin Castellano, chefe do departamento de pesquisa para a América Latina do Instituto de Finança Internacional, IIF, o câmbio poderá depreciar mais se ficar claro que Haddad e Bolsonaro vão para o segundo turno.

Muito distante - O ex-diretor da área internacional do Banco Central Alexandre Schwartsman pondera, no entanto que o mercado de câmbio, apesar de influenciado pelas eleições, está muito distante da volatilidade que se observou em 2002, às vésperas da eleição do ex-presidente Lula.

Balanço de pagamentos - “Ao contrário de 2002, temos um balanço de pagamentos em boa forma e o mundo, apesar de todos os problemas, é mais favorável ao Brasil”, diz Schwartsman. Ele ressalta, porém, que a situação confortável das contas externas não resolve todos os problemas do País.

Quadro fiscal - O quadro fiscal, lembra, piorou em relação a 2002, quando, ao contrário dos rombos atuais, o governo central apresentava superávits primários expressivos. Sem resolver a crise fiscal, uma tarefa que demanda reformas, a perda de valor da moeda virá na forma de inflação. “A tarefa de quem for eleito será mais difícil do que em 2002”, diz.

Fonte: O Estado de S.Paulo

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