Mercado Financeiro

Dólar tem leve alta enquanto investidores analisam IPCA e aguardam dados de inflação dos EUA

Expectativa em torno da política monetária brasileira e americana influencia a movimentação da moeda


Publicado em: 10/09/2024 às 11:05hs

Dólar tem leve alta enquanto investidores analisam IPCA e aguardam dados de inflação dos EUA

Nesta terça-feira, o dólar apresentou uma leve alta em relação ao real, refletindo a cautela dos investidores que avaliavam os dados recentes do IPCA e aguardavam o relatório de inflação dos Estados Unidos. Às 9h57, a moeda americana subia 0,25%, cotada a R$ 5,5957 na venda, enquanto o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento na B3 registrava alta de 0,27%, a R$ 5,616.

Na segunda-feira, o dólar à vista encerrou o dia com uma leve baixa de 0,14%, sendo negociado a R$ 5,5817. O mercado global se mantinha atento à divulgação do relatório de inflação ao consumidor dos EUA, programado para quarta-feira, o último antes da reunião do Federal Reserve (Fed) nos dias 17 e 18 de setembro. Os dados podem influenciar a decisão do banco central americano sobre a política de juros.

Analistas consultados pela Reuters esperam que o índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA registre uma alta de 0,2% em agosto, mantendo-se estável em relação ao mês anterior. Em termos anuais, a expectativa é de que a inflação desacelere para 2,6%, frente a 2,9% em julho.

O Fed é amplamente esperado para reduzir a taxa de juros, atualmente na faixa de 5,25% a 5,50%, na próxima reunião, após declarações do presidente Jerome Powell sobre a necessidade de ajustar a política monetária para evitar um esfriamento do mercado de trabalho. No entanto, os operadores ainda avaliam a magnitude do possível corte, especialmente após o último relatório de emprego, que apresentou dados mistos e não consolidou as expectativas em torno de uma redução de 25 ou 50 pontos-base.

Os resultados da inflação poderão ajudar a definir se o Fed precisará manter algum nível de restrição monetária para garantir que a inflação se mantenha próxima da meta de 2%. Enquanto isso, o dólar se manteve relativamente estável frente à maioria de suas divisas pares, tanto fortes quanto emergentes.

"No exterior, a véspera da divulgação do CPI gerou aversão ao risco e predominou um clima de cautela, diante das incertezas sobre uma possível recessão ou um ajuste suave na economia americana", observou Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.

O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de seis divisas, caiu 0,03%, para 101,620. A moeda americana mostrou pouca variação em relação ao peso colombiano, peso chileno e rand sul-africano.

No cenário nacional, os investidores estavam atentos aos novos dados do IPCA para agosto, que podem indicar a trajetória futura dos preços no Brasil e influenciar as decisões do Banco Central em relação à taxa Selic. O IBGE informou que o IPCA registrou uma queda de 0,02% em agosto na comparação mensal, ligeiramente abaixo da expectativa de alta de 0,01% dos economistas consultados pela Reuters. Em termos anuais, o índice desacelerou para 4,24%, frente a 4,50% em julho.

Apesar da desaceleração em relação ao mês anterior, a inflação ainda está distante do centro da meta de 3% estabelecida pelo Banco Central, o que tem gerado preocupações entre os membros da instituição. Com dados robustos do PIB brasileiro para o segundo trimestre, há expectativa de que o Copom eleve a Selic, atualmente em 10,50% ao ano, já na próxima reunião de setembro.

"Diante de uma atividade econômica mais forte do que o esperado, uma inflação que, apesar do dado benigno de agosto, deve terminar o ano próxima da banda superior da meta, expectativas de inflação desalinhadas e uma taxa de câmbio acima de R$ 5,50, o Banco Central deverá iniciar um ciclo gradual de ajuste na taxa de juros na próxima reunião", afirmou Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

Operadores estimam em 98% a chance de um aumento de 25 pontos-base na Selic na próxima semana, com possíveis elevações adicionais nas reuniões seguintes. O aumento projetado para a Selic, aliado à perspectiva de cortes de juros nos EUA, tende a ser positivo para o real, tornando a moeda brasileira mais atrativa devido ao diferencial de juros entre as duas economias.

Fonte: Portal do Agronegócio

◄ Leia outras notícias