Publicado em: 17/06/2025 às 10:30hs
O dólar abriu a sessão desta terça-feira (17) com valorização de 0,14%, cotado a R$ 5,4934 por volta das 9h05. Na véspera, a moeda norte-americana havia encerrado o dia a R$ 5,4855 — o menor patamar em oito meses. A alta reflete a preocupação dos investidores com fatores geopolíticos e internos. Já o Ibovespa, que fechou a segunda-feira com alta de 1,49%, aos 139.256 pontos, só começou a operar após as 10h.
A escalada do conflito entre Israel e Irã, que chegou ao quinto dia nesta terça-feira, segue no centro das atenções dos mercados globais. O confronto teve início com um ataque surpresa de Israel — batizado de “Operação Leão Ascendente” — que matou líderes militares iranianos e danificou instalações nucleares. Em resposta, o Irã lançou mísseis contra áreas residenciais e estruturas petrolíferas em território israelense.
Apesar da reação inicial de aversão ao risco, que impulsionou o dólar e o ouro, os mercados passaram por um movimento de ajuste com realização de lucros. O receio principal dos investidores está na possibilidade de o conflito afetar o Estreito de Ormuz — rota por onde circula cerca de 20% do petróleo consumido mundialmente. Até o momento, o Irã afirma que suas instalações permanecem intactas.
Na semana passada, os preços do petróleo dispararam mais de 8%, com receios de interrupções no fornecimento. No entanto, com a estabilidade das instalações iranianas e o foco do mercado voltando-se para decisões de política monetária, o petróleo encerrou a segunda-feira em queda no mercado internacional.
A quarta-feira (18) é marcada pela chamada “Superquarta”, quando o Banco Central do Brasil e o Federal Reserve (Fed), dos Estados Unidos, anunciam simultaneamente suas decisões sobre as taxas de juros.
No Brasil, a expectativa majoritária é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantenha a Selic em 14,75% ao ano, encerrando o ciclo de alta iniciado em setembro do ano passado. O Itaú, por exemplo, acredita que o BC sinalizará a manutenção da taxa por um período prolongado. No entanto, algumas instituições projetam uma elevação para 15% ao ano, diante do cenário ainda desafiador da inflação.
Essa taxa atual é a mais elevada no país em quase duas décadas. Juros altos encarecem o crédito e desestimulam o consumo, contribuindo para o controle inflacionário.
Nos Estados Unidos, a previsão é de manutenção da taxa de juros na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano. O mercado aposta que o Fed poderá realizar até dois cortes de juros ainda em 2025, com o primeiro sendo esperado para setembro.
Segundo Ben Laidler, estrategista do Bradesco BBI, o Fed ainda tem margem de flexibilidade, especialmente diante da ausência de repasses inflacionários relacionados ao novo acordo tarifário entre EUA e China.
Os investidores continuam atentos às relações comerciais entre Estados Unidos e China. A elevação das tarifas de importação preocupa os mercados por seu potencial de impactar os preços ao consumidor e os custos de produção. O risco é que tais medidas pressionem a inflação e levem à desaceleração econômica — cenário que pode culminar até em recessão global.
No cenário interno, a Câmara dos Deputados aprovou um pedido de urgência para votar diretamente em plenário o projeto que suspende o decreto do governo federal que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A medida aprofunda a tensão entre o Executivo e o Congresso, especialmente por seus impactos nas contas públicas.
Analistas do mercado financeiro avaliam que o governo deveria priorizar a eficiência dos gastos públicos e promover reformas estruturais, ao invés de buscar apenas novas formas de arrecadação por meio de tributos como o IOF.
A combinação entre instabilidade geopolítica, decisões de juros no Brasil e nos EUA e tensões políticas domésticas segue moldando o comportamento dos mercados. A valorização do dólar nesta terça reflete esse ambiente de incerteza, em um momento em que os investidores buscam cautela e aguardam definições importantes nos próximos dias.