Publicado em: 05/08/2025 às 10:40hs
O dólar abriu em alta nesta terça-feira (5), cotado a R$ 5,5280 por volta das 9h, com valorização de 0,39%. A alta ocorre após duas sessões consecutivas de queda, período em que a moeda americana acumulou desvalorização de 1,7% frente ao real. Às 9h42, o dólar à vista já subia 0,24%, a R$ 5,5203, enquanto o contrato futuro avançava 0,12%, a R$ 5,561.
Segundo analistas, o movimento é reflexo de uma correção técnica após a forte queda anterior, influenciada pela desaceleração do mercado de trabalho nos Estados Unidos e o aumento das apostas em um corte de juros pelo Federal Reserve ainda este ano.
A aproximação do início da vigência das tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, marcadas para começar nesta quarta-feira (6), aumenta a cautela dos investidores. A ordem executiva do presidente Donald Trump determinou uma tarifa de 50% sobre uma série de produtos brasileiros, o que reacendeu preocupações sobre o impacto na economia nacional.
A situação se agravou com a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por descumprimento de medidas cautelares. Trump, que já havia defendido Bolsonaro em outras ocasiões, relacionou anteriormente a imposição das tarifas à forma como o ex-presidente vinha sendo julgado no Brasil, o que gera incertezas adicionais sobre eventuais reações da Casa Branca.
Outro fator importante para o mercado nesta terça-feira foi a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu manter a taxa básica de juros em 15% ao ano. No documento, o Banco Central destacou os "impactos setoriais relevantes e incertos" das tarifas americanas, defendendo uma postura de cautela diante do cenário internacional.
“A avaliação predominante no Comitê é que há maior incerteza no cenário externo e, consequentemente, o Copom deve preservar uma postura de cautela”, pontuou o texto.
O Banco Central também alertou para os possíveis reflexos da política tarifária dos EUA sobre a inflação no Brasil e reafirmou seu foco em monitorar os canais de transmissão dos efeitos externos na economia nacional.
De acordo com a Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), cerca de 10 mil empresas brasileiras que exportam para os EUA poderão ser impactadas pelas novas tarifas, com risco para 3,2 milhões de empregos no país. Os setores afetados já calculam os prejuízos e pressionam o governo federal por medidas que mitiguem os efeitos da medida americana.
Na tentativa de resposta, o Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou que o Brasil entre com uma consulta na Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar o tarifaço. “Está aprovado pelo Conselho de Ministros da Camex. Agora, o presidente Lula vai decidir como e quando fazer a consulta”, declarou o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Além do impasse com os EUA, o mercado monitora a divulgação de novos indicadores de atividade econômica no Brasil e nos Estados Unidos. Embora a agenda internacional esteja mais leve, a movimentação do câmbio deve continuar reagindo às negociações comerciais e aos desdobramentos da situação política e diplomática entre os dois países.
“A reação da Casa Branca nas próximas horas será crucial para determinar o rumo do real no restante da semana”, avaliou João Duarte, especialista em câmbio da One Investimentos.
O cenário de instabilidade política interna, somado ao aumento da tensão diplomática com os Estados Unidos, mantém os mercados em alerta. As decisões da Casa Branca e as respostas do governo brasileiro, incluindo a possível contestação na OMC, serão determinantes para os próximos movimentos do dólar e da bolsa. Enquanto isso, o Banco Central reforça a necessidade de cautela diante de um ambiente internacional mais adverso.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias