Publicado em: 16/07/2025 às 10:50hs
O dólar iniciou esta quarta-feira (15) em alta de 0,19%, cotado a R$ 5,5683, refletindo os desdobramentos da recente ofensiva do governo norte-americano contra o Brasil. Na véspera, a moeda havia recuado 0,46%, sendo negociada a R$ 5,5580.
O movimento nos mercados ocorre após o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) anunciar, na noite de terça-feira (14), a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil. A medida é baseada em uma legislação que permite a imposição de tarifas ou sanções quando são identificadas práticas comerciais consideradas desleais.
O documento do USTR mistura argumentos comerciais e políticos para justificar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Entre os pontos apresentados, há acusações de supostas práticas abusivas por parte do Brasil — no entanto, o texto não apresenta provas concretas que sustentem essas alegações.
Em meio à crise comercial, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, intensifica reuniões com empresários afetados pelas tarifas norte-americanas. O objetivo é ouvir os setores impactados e discutir alternativas para mitigar os efeitos da medida. Um dos encontros deve contar com a participação de Abrão Neto, presidente da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham).
Paralelamente, pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira aponta oscilação na avaliação do governo federal. A desaprovação caiu 4 pontos, chegando a 53%, enquanto a aprovação subiu para 43%. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais. Segundo Felipe Nunes, diretor do instituto, o embate com o ex-presidente Donald Trump pode ter contribuído para uma leve recuperação da popularidade do presidente Lula.
Ainda na terça-feira (14), após o encerramento dos mercados, terminou sem acordo a audiência de conciliação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o decreto que elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Agora, a decisão caberá ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. O desfecho definirá se o governo precisará buscar novas fontes de arrecadação ou realizar cortes no orçamento para atingir a meta de déficit zero em 2025.
No cenário internacional, os mercados monitoram os dados de inflação nos Estados Unidos. Após a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) na terça-feira, que apontou alta em junho, economistas aguardam o índice de preços ao produtor (PPI), que pode indicar se os aumentos já refletem o impacto das novas tarifas impostas por Trump.
A economista Andressa Durão, da ASA, observou repasses de preços especialmente em eletrodomésticos e equipamentos domésticos. Outros setores, como vestuário e bens recreativos, apresentaram altas mais pontuais, mas também indicam efeitos da nova política tarifária.
Com o cenário se agravando, o governo brasileiro estuda formas de responder à medida adotada por Donald Trump. A escalada comercial pressiona não só a diplomacia, mas também os setores produtivos, que buscam alternativas e novos mercados diante da incerteza.
Fonte: Portal do Agronegócio
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