Mercado Financeiro

Dólar sobe com mercado atento a novas tarifas dos EUA sobre Brasil, Canadá e União Europeia

Medidas anunciadas por Trump pressionam o câmbio, derrubam a Bolsa e geram alerta sobre impactos em exportações, inflação e juros no Brasil


Publicado em: 11/07/2025 às 10:40hs

Dólar sobe com mercado atento a novas tarifas dos EUA sobre Brasil, Canadá e União Europeia
Dólar inicia sexta-feira em alta

Na manhã desta sexta-feira (11), o dólar avançava 0,41%, cotado a R$ 5,5653 às 9h01. O movimento reflete a apreensão do mercado diante das tarifas de 50% que os Estados Unidos pretendem impor sobre produtos brasileiros. O Ibovespa, que abre às 10h, ainda não havia iniciado as negociações.

Na véspera, a moeda americana já havia subido 0,72%, encerrando o pregão a R$ 5,5426. No mesmo dia, a Bolsa brasileira caiu 0,54%, fechando aos 136.743 pontos. Empresas exportadoras, como a Embraer, foram as mais afetadas.

Mercado reage às novas tarifas dos EUA

O mercado ainda assimila os possíveis impactos das medidas anunciadas pelo presidente Donald Trump, que incluem:

  • Tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
  • Tarifa de 35% sobre o Canadá, anunciada na noite de quinta-feira (10).
  • Notificação à União Europeia, prevista para esta sexta-feira.

Trump também tem enviado cartas a líderes de 23 países estabelecendo novas regras comerciais. O Brasil foi o mais penalizado até agora, com a tarifa mais alta.

Impacto nos indicadores econômicos

Veja o desempenho do dólar e do Ibovespa:

  • Dólar:
    • Semana: +2,18%
    • Mês: +2,01%
    • Ano: -10,31%
  • Ibovespa:
    • Semana: -3,20%
    • Mês: -1,52%
    • Ano: +13,68%
Setores brasileiros sob risco

A tarifa de 50% anunciada pelos EUA pode atingir em cheio os setores de:

  • Petróleo
  • Aço
  • Café
  • Carne bovina
  • Suco de laranja
  • Aeronaves

A XP Investimentos aponta a Embraer como uma das empresas mais expostas, com 23,8% de sua receita vinda do mercado norte-americano. Outras companhias com forte dependência das exportações para os EUA incluem:

  • Suzano (16,6%)
  • Tupy (13,9%)
  • Jalles Machado (11%)
  • Frasle Mobility (10,8%)
Risco de inflação e juros altos

A alta do dólar pode pressionar a inflação brasileira, segundo especialistas. O economista Robson Gonçalves, da FGV, alerta que, caso o câmbio se mantenha elevado, o Banco Central poderá manter a taxa básica de juros em 15%, o que aumenta o risco de recessão.

Resposta do governo brasileiro

O presidente Lula reagiu às medidas, afirmando que o Brasil não aceitará ser tutelado e que pode acionar a Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada durante o primeiro mandato de Trump. A legislação permite ao Brasil retaliar países que impuserem tarifas extras às exportações nacionais.

A carta enviada por Trump a Lula tem tom político, com críticas ao julgamento de Jair Bolsonaro no STF, classificado pelo ex-presidente americano como “vergonha internacional”. Trump também alertou que, caso o Brasil reaja com novas tarifas, os EUA retaliarão com aumentos ainda maiores.

Efeitos globais das tarifas de Trump

As cartas enviadas por Trump seguem um padrão: reafirmam o compromisso dos EUA com o comércio, mas destacam o déficit comercial com seus parceiros. A justificativa para a tarifa contra o Canadá, por exemplo, foi a alegada ineficácia no combate ao tráfico de fentanil.

Especialistas avaliam que essas medidas podem aumentar os custos de produção nos EUA e, consequentemente, os preços ao consumidor. Caso a inflação norte-americana suba, o Federal Reserve pode manter os juros altos por mais tempo, o que fortalece o dólar e afeta economias ao redor do mundo.

Perspectivas

O cenário internacional permanece instável, com o mercado aguardando os próximos passos de Trump e a resposta do governo brasileiro. Enquanto isso, o câmbio segue pressionado, e os investidores mantêm cautela diante de possíveis desdobramentos comerciais e geopolíticos.

Fonte: Portal do Agronegócio

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