Publicado em: 03/10/2024 às 11:22hs
O dólar voltou a subir nesta quinta-feira (3), aproximando-se do patamar de R$ 5,50, impulsionado pela maior aversão ao risco no cenário global, motivada pelo aumento das tensões no Oriente Médio. O Ibovespa, principal índice acionário da B3, opera em forte queda, refletindo o impacto dessas incertezas no mercado financeiro.
Enquanto investidores aguardam atentamente uma possível retaliação de Israel ao Irã, após ataques com mísseis na última terça-feira (1), o preço do petróleo continua em alta, alimentando receios inflacionários. A valorização da commodity, que já subiu 6% desde a última sexta-feira (27), pressiona os custos energéticos e pode intensificar a inflação global, especialmente em um momento de ajustes nas taxas de juros pelos Estados Unidos.
O Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, que recentemente iniciou um ciclo de cortes em suas taxas de juros, vê a escalada dos preços do petróleo como um fator que pode influenciar a redução do ritmo dessas quedas. Atualmente, as taxas nos EUA estão entre 4,75% e 5,00% ao ano, após um corte de 0,50 ponto percentual em setembro.
Às 10h40, o dólar registrava alta de 0,75%, sendo cotado a R$ 5,4849, após atingir a máxima de R$ 5,4899 no dia. Na véspera, a moeda havia caído 0,36%, encerrando a sessão cotada a R$ 5,4441. No acumulado da semana, o dólar apresenta alta de 0,14%, enquanto no mês há uma leve queda de 0,05%. No ano, a valorização é expressiva, com ganhos de 12,19%.
Por outro lado, o Ibovespa registrava uma queda de 1,25%, aos 131.847 pontos, no mesmo horário. No pregão anterior, o índice havia avançado 0,77%, encerrando aos 133.515 pontos. Mesmo com o desempenho positivo na semana, com alta de 0,59%, o Ibovespa acumula queda de 0,50% no ano.
A intensificação dos conflitos no Oriente Médio tem gerado um aumento na aversão ao risco entre os investidores. Após os ataques do grupo extremista Hezbollah, apoiado pelo Irã, a Israel, o cenário na região se agravou, levando Israel a responder com uma série de bombardeios no Líbano. A ameaça de uma guerra mais ampla eleva os temores sobre o impacto no fornecimento de petróleo, uma vez que a região é crucial para a exportação global da commodity.
Com a escalada das tensões, investidores buscam refúgio no dólar, considerada a moeda mais segura em momentos de incerteza. Esse movimento de aversão ao risco impacta negativamente os mercados de ações e moedas de países emergentes, como o Brasil, que tendem a ser mais voláteis nesses períodos.
Além disso, os dados de emprego divulgados nos Estados Unidos nesta semana também influenciam o comportamento dos mercados. O número de pedidos de seguro-desemprego subiu para 225 mil na semana passada, acima das expectativas de 222 mil. O relatório de empregos (payroll), que será divulgado nesta sexta-feira, é aguardado com grande expectativa pelos investidores, que projetam uma manutenção da taxa de desemprego em 4,2% em setembro, com a criação de 144 mil novos postos de trabalho.
No cenário interno, a elevação da nota de crédito do Brasil pela agência Moody’s, de Ba2 para Ba1, com perspectiva positiva, trouxe otimismo. Isso coloca o país a um passo de recuperar o grau de investimento, o que poderia aumentar a confiança dos investidores estrangeiros. No entanto, o déficit primário registrado em agosto, de R$ 21,4 bilhões, ainda gera preocupações, apesar do crescimento do PIB e da melhoria da situação fiscal dos estados e municípios.
As perspectivas para o Brasil são positivas, segundo analistas, mas ainda há desafios no radar, principalmente em relação aos riscos fiscais, que continuarão a ser monitorados de perto pelos investidores.
Fonte: Portal do Agronegócio
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