Publicado em: 07/07/2021 às 10:50hs
O dólar era negociado entre estabilidade e leve queda contra o real logo após a abertura desta quarta-feira, depois de apresentar ganhos acentuados na véspera, enquanto investidores do mundo inteiro aguardavam a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve, em busca de pistas sobre o futuro da política monetária.
Às 10:22, o dólar recuava 0,17%, a 5,2020 reais na venda, depois de chegar a cair para 5,1702 reais na mínima do dia. Na B3, o dólar futuro ganhava 0,11%, a 5,217 reais.
Esse movimento de ajuste vem na esteira de forte valorização do dólar na véspera. A moeda norte-americana spot fechou o último pregão em alta de 2,40%, a 5,2106 reais na venda, seu ganho percentual mais forte desde 18 de setembro de 2020 (+2,77%), chegando a uma máxima desde 31 de maio (5,2254 reais). Fatores externos e a cautela doméstica ajudaram a direcionar esse comportamento.
Já nesta quarta-feira, segundo vários analistas, o foco dos mercados internacionais está na ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). O documento, que será divulgado às 15h (horário de Brasília), pode oferecer sinais ao mercado sobre quando e como o Fed vai reduzir a liquidez e elevar os juros.
"A antecipação do fim dos estímulos à economia nos Estados Unidos (...) seria ruim para os emergentes e tenderia a aumentar a pressão sobre o câmbio desses países", explicou em nota Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora, ressaltando que os investidores não devem fazer grandes apostas antes da divulgação da ata.
O dólar já acumula alta de cerca de 5,8% contra a divisa brasileira desde que fechou o dia 24 de julho numa mínima em mais de um ano de 4,9062 reais.
Com a incerteza que se instalou recentemente no cenário doméstico -- em meio a tensões políticas cada vez maiores e uma proposta de taxação de dividendos mal recebida pelos investidores -- "vários hedge funds começaram a desmontar posições vendidas e até montar posições compradas" em dólar, explicou à Reuters Marcos Weigt, head de tesouraria do Travelex Bank.
"Temos um mercado que está muito suscetível a movimentos direcionados por fatores de curto prazo", explicou, apontando para grande volatilidade.
Mesmo assim, pensando num cenário de médio prazo, a tendência é de entrada de recursos no Brasil, o que poderia ajudar o real, afirmou Weigt. Com a perspectiva de aperto monetário agressivo pelo Banco Central e os preços das commodities ainda em patamares altos, apesar de perdas recentes, o real deve ficar mais atrativo para investidores estrangeiros, explicou. "Os termos de troca continuam favoráveis."
O BC promoveu em junho a terceira alta consecutiva de 0,75 ponto percentual da taxa Selic, a 4,25%, e há entre os investidores expectativa de possível aperto mais agressivo em seu encontro de agosto.
Fonte: Reuters
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