Mercado Financeiro

Dólar recua com entrevista de Haddad e expectativa por avanços nas negociações do tarifaço

Queda da moeda ocorre após fala do ministro da Fazenda e diante da tensão comercial entre EUA, Brasil e Europa; mercados globais seguem em compasso de espera


Publicado em: 21/07/2025 às 10:42hs

Dólar recua com entrevista de Haddad e expectativa por avanços nas negociações do tarifaço
Dólar inicia semana em queda após alta na sexta-feira

O dólar iniciou esta segunda-feira (21) em queda de 0,23%, cotado a R$ 5,5748 por volta das 9h20. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,6114. A desvalorização da moeda ocorre após a alta de 0,73% registrada na última sexta-feira (19), quando fechou cotado a R$ 5,5874.

A movimentação do câmbio reflete o impacto da entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à rádio CBN, e a expectativa por avanços nas negociações sobre o tarifaço imposto pelos Estados Unidos.

Relações entre Brasil e EUA se agravam

As tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos se intensificaram após o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, revogar os vistos dos ministros do STF Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet.

A medida foi tomada após o governo Trump impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e iniciar uma investigação sobre supostas práticas comerciais desleais.

Haddad reafirma disposição para negociar

Em entrevista nesta manhã, Fernando Haddad garantiu que o Brasil continuará na mesa de negociações com os EUA. “A orientação do presidente Lula é que estejamos engajados permanentemente. Não há razão para o Brasil sofrer esse tipo de sanção”, afirmou.

O ministro também revelou que a equipe econômica está elaborando um plano de contingência para apoiar os setores mais afetados pelas tarifas.

União Europeia vê impasse com os EUA

Na Europa, diplomatas sinalizam que um acordo com os Estados Unidos até o prazo final de 1º de agosto é improvável. A ameaça do ex-presidente Trump de elevar tarifas de 10% para 30% sobre produtos europeus fortaleceu a posição dos países do bloco em favor de retaliações.

A Comissão Europeia avalia acionar o mecanismo de “anti-coerção”, que poderia impactar setores estratégicos dos EUA. Um pacote de tarifas sobre 21 bilhões de euros em produtos norte-americanos, suspenso até 6 de agosto, também está em análise.

EUA mantêm postura firme nas negociações

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que o foco do governo Trump está na qualidade dos acordos, não na pressa. “Não vamos nos apressar só por fazer acordos”, disse em entrevista à CNBC, reiterando que o prazo para início das tarifas elevadas segue mantido para 1º de agosto.

Bessent também criticou o Federal Reserve, pedindo uma reavaliação da instituição. Segundo ele, o Fed estaria exagerando ao associar as tarifas a riscos inflacionários.

China mantém juros e anuncia medidas no setor imobiliário

A China manteve inalteradas suas taxas de juros de referência nesta segunda-feira. A taxa primária de um ano segue em 3%, enquanto a de cinco anos permanece em 3,5%.

Apesar dos sinais de crescimento moderado, a deflação ao produtor e a fragilidade da demanda interna aumentam a pressão por novos estímulos. Como resposta, o governo chinês anunciou regras para regular o setor de aluguel residencial, com foco em ampliar a oferta.

Boletim Focus: inflação de 2025 volta a cair

Segundo o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira, os economistas do mercado reduziram pela oitava semana consecutiva a previsão de inflação para 2025, que passou de 5,17% para 5,10%. Ainda assim, o índice segue acima do teto da meta, de 4,5%.

Confira as principais projeções do relatório:

  • Inflação:
    • 2025: 5,10%
    • 2026: 4,45%
    • 2027 e 2028: mantidas em 4% e 3,80%, respectivamente
  • PIB:
    • 2025: 2,23%
    • 2026: 1,88% (ligeira queda)
  • Selic:
    • 2025: 15%
    • 2026: 12,5%
    • 2027: 10,5%

A manutenção da taxa de juros elevada reflete o cenário de incertezas internacionais e das contas públicas internas.

Desempenho das bolsas e dos indicadores

Bolsas internacionais iniciam semana em ritmo misto:

  • China:
    • Xangai: +0,5%
    • CSI 300: +0,6%
    • Hong Kong (Hang Seng): +1,33%, impulsionado por empresas de tecnologia
  • Europa:
    • Stoxx 600: -0,2%
    • FTSE 100 (Reino Unido): -0,2%, com foco nas negociações comerciais com os EUA e na reunião do BCE
  • EUA:
    • Futuros de S&P 500 e Nasdaq em leve alta
    • Expectativa com balanços de Google, Tesla e IBM
    • Ações do setor de defesa acumulam alta de 30% no ano

Indicadores brasileiros:

  • Dólar:
    • Semana: +0,71%
    • Mês: +2,83%
    • Ano: -9,58%
  • Ibovespa:
    • Semana: -2,06%
    • Mês: -3,94%
    • Ano: +10,89%

A combinação entre tensões comerciais globais, incertezas diplomáticas e expectativa por decisões de política monetária segue influenciando os mercados nesta semana. A entrevista de Haddad ajudou a aliviar, momentaneamente, a pressão sobre o câmbio, enquanto o cenário externo continua volátil.

Fonte: Portal do Agronegócio

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