Publicado em: 27/09/2024 às 10:40hs
O dólar apresentou volatilidade nesta sexta-feira (27), oscilando entre altas e baixas, refletindo o impacto de importantes divulgações de dados econômicos. A moeda encerrou a semana em um cenário de incertezas quanto ao futuro das taxas de juros, com destaque para os números recordes do mercado de trabalho. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego caiu para 6,6% no trimestre de junho a agosto, enquanto a população ocupada alcançou o patamar recorde de 102,5 milhões de pessoas.
Ainda hoje, o Ministério do Trabalho deverá divulgar o índice de evolução de emprego por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Às 09h50, a moeda norte-americana apresentava queda de 0,04%, sendo cotada a R$ 5,4456. No pregão anterior, houve uma desvalorização de 0,59%, com a moeda fechando a R$ 5,4432. Com esse desempenho, o dólar acumulou uma perda de 1,41% na semana, recuo de 3,36% no mês, e um avanço de 12,17% no ano.
O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, começou a operar às 10h. No dia anterior, o índice registrou alta de 1,08%, alcançando 133.010 pontos. Com isso, o índice acumulou uma alta de 1,48% na semana, embora tenha registrado um recuo de 2,20% no mês e uma queda de 0,88% no ano.
A semana foi marcada pela divulgação de novos indicadores econômicos que podem influenciar as próximas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), com destaque para os dados divulgados nesta sexta-feira sobre o mercado de trabalho. O IBGE revelou que a taxa de desemprego no trimestre encerrado em agosto foi de 6,6%, ligeiramente abaixo da projeção do mercado, que era de 6,7%. O resultado também indicou uma queda em relação aos três meses anteriores, quando o índice foi de 7,1%.
Em termos absolutos, o número de pessoas desocupadas caiu 6,5% em comparação ao trimestre anterior, atingindo 7,3 milhões de brasileiros. Em relação ao mesmo período do ano passado, a redução foi de 13,4%. A população ocupada, por sua vez, atingiu um novo recorde, com alta de 1,2%, chegando a 102,5 milhões de pessoas. No acumulado do ano, esse crescimento foi de 2,9%, o que representa 2,9 milhões de pessoas a mais no mercado de trabalho.
Apesar do aquecimento no emprego, economistas destacam que o aumento da ocupação pode pressionar os preços e dificultar o controle da inflação. “Embora o mercado de trabalho aquecido seja positivo, com mais pessoas empregadas e aumento da massa salarial, isso também pode gerar pressão sobre os preços de serviços, tornando o controle da inflação mais desafiador”, afirma Claudia Moreno, economista do C6 Bank.
O relatório de inflação do segundo trimestre, divulgado pelo Banco Central nesta quinta-feira (26), reforçou essa preocupação ao elevar a projeção de inflação de 4,0% para 4,3%. Além disso, a probabilidade de a inflação ultrapassar o teto da meta também aumentou de 28% para 36%. A meta para este ano é de 3,00%, com variação de 1,50% a 4,50%.
O Banco Central indicou que o maior impacto inflacionário deverá vir dos preços dos alimentos no domicílio, além do dólar elevado, passagens aéreas e tarifas de energia elétrica, especialmente devido à seca. Em contrapartida, o preço da gasolina deve atuar como um fator de desaceleração da inflação.
O relatório também revisou para cima a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), passando de 2,3% para 3,2%, destacando que a atividade econômica tem superado as expectativas. O Banco Central também mencionou que os impactos econômicos das enchentes no Rio Grande do Sul foram menores do que o esperado, contribuindo para a surpresa positiva no crescimento.
Na terça-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou a ata de sua última reunião, na qual decidiu elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano. O documento sinalizou que novos aumentos nos juros poderão ocorrer nos próximos meses, com o objetivo de conter a inflação. Juros mais altos tendem a frear o consumo e os investimentos, resultando em uma desaceleração da economia e, consequentemente, da inflação.
O Copom também mencionou que o mercado de trabalho e a atividade econômica têm mostrado maior dinamismo do que o esperado, ao mesmo tempo em que ressaltou a importância de manter um esforço contínuo em reformas estruturais e disciplina fiscal por parte do governo federal. Esse cenário fiscal é um dos principais pontos de preocupação para os investidores, uma vez que o último Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias (RARDP) de 2024 indicou uma contenção de despesas inferior ao esperado pelo mercado.
Fonte: Portal do Agronegócio
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