Publicado em: 26/09/2024 às 10:35hs
O dólar começou a quinta-feira (26) em baixa, após o mercado absorver o Relatório Trimestral de Inflação, divulgado pelo Banco Central (BC). No dia anterior, a moeda norte-americana havia subido 0,23%, encerrando o pregão cotada a R$ 5,4755, enquanto o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, recuou 0,43%, fechando aos 131.587 pontos.
O relatório do BC ajustou a projeção oficial da inflação para o ano, elevando-a de 4% para 4,3%. Apesar da alta, o índice segue dentro da meta de inflação brasileira, que é de 3%, podendo variar entre 1,5% e 4,5%. Contudo, a instituição alertou para um aumento na probabilidade de a inflação ultrapassar o teto da meta, que passou de 28% para 36%.
O Banco Central também revisou para cima as estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), de 2,3% para 3,2%, destacando que o desempenho da atividade econômica tem superado expectativas. Além disso, a instituição ressaltou que os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul foram menores do que o previsto, contribuindo para esse resultado.
A economia chinesa segue no centro das atenções do mercado global. O Banco Central da China anunciou, no início da semana, um pacote de estímulos com o objetivo de fomentar o consumo, o que animou investidores, que esperam um aumento na demanda externa do país. Na quinta-feira, autoridades chinesas reconheceram novos desafios econômicos e prometeram "gastos fiscais necessários" para garantir o crescimento de 5% do PIB em 2024. Esse cenário alimenta expectativas de mais medidas para impulsionar o consumo no país asiático.
Por volta das 9h15, o dólar registrava queda de 1,15%, sendo negociado a R$ 5,4126. No acumulado da semana, a moeda americana registra queda de 0,82%, perda de 2,79% no mês, mas avanço de 12,84% no ano.
O Ibovespa, que inicia suas operações às 10h, encerrou o último pregão com queda de 0,43%, somando uma alta de 0,40% na semana, recuo de 3,25% no mês e perda de 1,94% no ano.
O cenário doméstico de inflação e juros continua sendo uma das principais preocupações do mercado. Na quarta-feira (25), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o IPCA-15, indicador prévio da inflação oficial, que registrou alta de 0,13% em setembro, abaixo das expectativas. A elevação foi impulsionada, sobretudo, pelo aumento da tarifa de energia elétrica residencial, refletindo a aplicação da bandeira tarifária.
Apesar da inflação abaixo do esperado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC indicou, na ata de sua última reunião, que a alta nos juros deve continuar, reafirmando o compromisso com a convergência da inflação à meta estabelecida. O aumento das taxas de juros impacta diretamente o crédito para empresas e consumidores, resultando na desaceleração do consumo e investimentos, o que contribui para o controle inflacionário.
Ainda segundo o documento do BC, a atividade econômica e o mercado de trabalho têm demonstrado um desempenho melhor do que o previsto. O relatório também destacou a necessidade de mais rigor fiscal e reformas estruturais, áreas em que o governo ainda enfrenta desafios. A contenção de despesas, por exemplo, foi menor do que o esperado pelo mercado, gerando maior cautela entre os investidores.
A questão fiscal continua a ser um ponto sensível. O último Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias mostrou que o governo federal bloqueou R$ 2,1 bilhões no Orçamento de 2024 para garantir o cumprimento do teto de gastos, ao mesmo tempo em que reverteu R$ 3,8 bilhões de contingenciamento realizado anteriormente. Analistas alertam que, mesmo com os ajustes, o déficit fiscal pode ser maior do que o projetado, chegando a R$ 68,8 bilhões.
Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda, destacou em entrevista que as preocupações com o cenário fiscal são legítimas, considerando a elevada dívida pública brasileira. Ele enfatizou que o Brasil não tem uma "capacidade infinita" de captar recursos e que investidores demandarão maiores retornos diante de um risco fiscal elevado.
Para o restante do ano, o Boletim Focus aumentou as projeções de inflação para 2024, de 4,35% para 4,37%. As estimativas também subiram para 2025 e 2026. Quanto ao PIB, a expectativa de crescimento para o próximo ano passou de 2,96% para 3%, impulsionada pelos resultados positivos do segundo trimestre.
No cenário externo, o mercado segue atento às movimentações do Banco Central dos Estados Unidos (Fed), que recentemente cortou suas taxas de juros em 0,5 ponto percentual, após quatro anos sem mudanças. Investidores aguardam novos discursos dos dirigentes do Fed e a divulgação de novos indicadores de inflação no país.
Fonte: Portal do Agronegócio
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