Publicado em: 04/10/2024 às 10:40hs
O dólar apresentou uma valorização nesta sexta-feira (4), seguindo a tendência de alta observada no dia anterior, quando a moeda norte-americana subiu 0,54%, fechando cotada a R$ 5,4734. O principal índice de ações da bolsa, por sua vez, encerrou a sessão em queda de 1,38%, atingindo 131.672 pontos.
Os investidores estão atentos aos novos dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, que superaram as expectativas. Em setembro, foram geradas mais de 250 mil novas vagas não-agrícolas, enquanto a taxa de desemprego caiu para 4,1%. A força na criação de empregos pode continuar a pressionar a inflação no país, injetando mais recursos na economia e influenciando o Federal Reserve (Fed) a moderar o ritmo e a magnitude do seu ciclo de cortes nas taxas de juros, que atualmente variam entre 4,75% e 5,00% ao ano. Este nível foi alcançado em setembro, após um corte de 0,50 ponto percentual. O mercado agora projeta que os próximos cortes, caso ocorram, sejam menores, na ordem de 0,25 ponto percentual, especialmente se o setor de trabalho continuar a apresentar resiliência.
Além disso, o clima de tensão e aversão relacionado ao conflito no Oriente Médio permanece no radar dos investidores. Israel continua a realizar ataques no Líbano, enquanto discute com os Estados Unidos possíveis respostas aos recentes ataques do Irã. Durante uma coletiva, o presidente americano, Joe Biden, foi questionado sobre um possível apoio a um ataque israelense às instalações petrolíferas iranianas, ao que respondeu: "Estamos discutindo isso. Acho que seria um pouco...".
Essas declarações provocaram um aumento de mais de 5% no preço do petróleo na quinta-feira (3), considerando a relevância do Irã na produção e exportação global de petróleo. Hoje, o barril de petróleo segue em alta, sendo negociado acima dos US$ 78.
Às 09h35, o dólar estava cotado a R$ 5,5092, refletindo um aumento de 0,65%. Na máxima do dia anterior, o valor alcançou R$ 5,5107. O acumulado indica alta de 0,68% na semana, 0,49% no mês e 12,80% no ano.
No que tange ao Ibovespa, o índice iniciou as operações às 10h, apresentando, na véspera, uma queda de 1,38%. O resultado acumulado foi uma perda de 0,80% na semana, uma queda de 0,11% no mês e um recuo de 1,88% no ano.
Na semana marcada pela divulgação de diversos dados do mercado de trabalho dos EUA, o principal resultado foi anunciado nesta sexta. O relatório de emprego (payroll) revelou uma taxa de desemprego de 4,1% em setembro, uma leve melhora em relação ao mês anterior, quando a taxa foi de 4,2%. O mercado esperava que essa taxa se mantivesse inalterada. A criação de novas vagas não-agrícolas foi de 254 mil, bem acima dos 147 mil esperados e dos 159 mil registrados no mês anterior. O ganho médio por hora trabalhada teve uma alta de 0,4% em setembro, superando a expectativa de 0,3%, embora tenha desacelerado em relação ao crescimento de 0,5% do mês anterior.
No Brasil, a balança comercial de setembro será divulgada às 15h. Em entrevista à Reuters, Todd Martinez, codiretor de riscos soberanos das Américas da Fitch, afirmou que a agência não deve elevar a nota de crédito do Brasil no curto prazo, devido a riscos fiscais. A Fitch classifica atualmente o crédito do Brasil como BB, com perspectiva estável, dois níveis abaixo do grau de investimento.
Martinez reconheceu que o país está apresentando um crescimento acima do esperado, com projeção de aumento do PIB em 3,0% para 2024, mas ressaltou que "as contas públicas continuam sendo um ponto fraco". A declaração foi feita poucos dias após a agência Moody's elevar a nota de crédito do Brasil de Ba2 para Ba1, com perspectiva positiva, posicionando o país a um passo do grau de investimento. No entanto, a Moody's também apontou o cenário fiscal como um risco.
Os últimos números fiscais do Brasil, divulgados pelo Tesouro Nacional, mostraram um déficit de R$ 100 bilhões de janeiro a agosto de 2024, o quinto pior resultado para esse período desde o início da divulgação dos dados, em 1997. Esse resultado, embora represente uma melhora em relação ao déficit de R$ 105,88 bilhões do mesmo período do ano passado, ainda está bem acima da previsão governamental de um rombo de R$ 68,83 bilhões para o fim do ano.
A intensificação dos conflitos no Oriente Médio continua a impactar os mercados globais. O aumento das tensões começou há duas semanas, quando explosões atribuídas a integrantes do grupo extremista Hezbollah, financiado pelo Irã, atingiram alvos no Líbano. Israel respondeu com ataques aéreos, visando líderes do Hezbollah, incluindo o chefe do grupo, Sayyed Hassan Nasrallah, que foi morto em uma operação israelense.
A situação escalou com a declaração do líder supremo do Irã, que prometeu vingança pela morte de Nasrallah. O Irã lançou mísseis contra Israel, que, por sua vez, prometeu retaliação. Enquanto isso, Israel continua bombardeando o Líbano com o objetivo de desmantelar o Hezbollah, resultando em diversas baixas civis.
Essas tensões geram preocupações sobre uma possível escalada para uma guerra total na região, o que já provocou uma elevação no preço do petróleo. A região é crucial para a exportação de petróleo, e qualquer conflito pode acarretar problemas de oferta global, levando os investidores a buscar refúgio no dólar, considerado a moeda mais segura, em detrimento de ativos de risco, como ações e moedas de mercados emergentes, que tendem a ser mais voláteis em períodos de incerteza política e econômica.
Fonte: Portal do Agronegócio
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