Mercado Financeiro

Dólar e Ibovespa operam em queda com foco em inflação e juros no Brasil e nos EUA

Mercado financeiro reflete expectativas de política monetária e dados econômicos recentes dos dois países


Publicado em: 12/09/2024 às 10:40hs

Dólar e Ibovespa operam em queda com foco em inflação e juros no Brasil e nos EUA
Foto: freepik

O dólar e o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, B3, registraram quedas nesta quinta-feira (12). O cenário econômico, marcado pela preocupação com a inflação e os juros tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, permanece como o foco dos investidores.

Na última quarta-feira, a moeda americana caiu 0,11%, fechando cotada a R$ 5,6481. Já o Ibovespa teve alta de 0,27%, encerrando o dia aos 134.677 pontos. O mercado financeiro segue atento aos novos dados de atividade econômica divulgados recentemente, além de continuar a analisar indicadores de inflação divulgados ao longo da semana.

Nos Estados Unidos, o número de pedidos iniciais de seguro-desemprego subiu para 230 mil na semana passada, superando as expectativas e o resultado anterior de 228 mil. Além disso, a inflação ao produtor subiu 0,2% em agosto, em contraste com o comportamento estável registrado em julho.

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que as vendas no varejo em julho apresentaram uma alta mensal de 4,4%, superando as expectativas e acelerando em relação ao crescimento de 4,0% registrado no mês anterior.

Esses indicadores são observados com grande atenção pelos investidores, especialmente em função das próximas reuniões do Banco Central do Brasil (BC) e do Federal Reserve (Fed), que discutirão as taxas de juros em seus respectivos países.

Dólar e Ibovespa em baixa

Às 10h20 desta quinta-feira, o dólar registrava leve queda de 0,05%, sendo negociado a R$ 5,6450. Na véspera, a moeda americana havia fechado em baixa de 0,11%, a R$ 5,6481. Até o momento, a moeda acumula um avanço de 1,04% na semana, 0,28% no mês e 16,40% no ano.

No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,23%, marcando 134.362 pontos. O índice acumulava alta de 0,08% na semana, queda de 0,98% no mês e ganho de 0,37% no ano.

Expectativas com inflação e juros

As atenções do mercado seguem voltadas para o comportamento da inflação e dos juros, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Ontem, o Departamento de Comércio dos EUA divulgou o Índice de Preços ao Consumidor (CPI), que indicou uma inflação anual de 3,2% até agosto, excluindo itens voláteis como energia e alimentos. Esse dado confirma a expectativa do mercado e será fundamental para a decisão do Fed na próxima semana.

O mercado já considera certo que o Fed iniciará um ciclo de cortes nas taxas de juros, mas ainda há dúvidas quanto à intensidade dessa redução. Parte dos analistas prevê um corte de 0,25 ponto percentual, enquanto outros apostam em uma redução de 0,50 ponto percentual.

Nos Estados Unidos, a inflação está no menor patamar desde fevereiro de 2021, mas ainda acima da meta de 2% estabelecida pelo Fed. Com o mercado de trabalho americano mostrando sinais de desaceleração — a taxa de desemprego subiu para 3,2% no último mês —, a expectativa é de que o Fed promova até três cortes nas taxas de juros até o final de 2024.

Cenário brasileiro

No Brasil, o destaque está nos novos dados do IBGE, que apontaram um crescimento de 1,2% no setor de serviços em julho, levando o setor a 15,4% acima do nível pré-pandemia, o maior patamar já registrado. Esse desempenho fortalece a perspectiva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, com o setor de serviços compensando as perdas na agropecuária.

Contudo, o crescimento dos serviços gera incertezas sobre seu impacto na inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado ontem apontou uma queda de 0,02% em agosto, marcando a primeira deflação do ano. No entanto, a inflação anual segue próxima do teto da meta do Banco Central, com alta de 4,24% em 12 meses, abaixo da projeção de 4,30%, mas ainda perto do limite de 4,50%.

A meta de inflação para 2024 é de 3%, com uma tolerância entre 1,5% e 4,5%. Apesar da deflação de agosto, o mercado especula que o BC possa elevar a taxa básica de juros, a Selic, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana, para conter pressões inflacionárias.

Atualmente, a Selic está em 10,50% ao ano, um nível já considerado alto. A expectativa no mercado, refletida no Boletim Focus, é de que a Selic atinja 11,25% até o fim de 2024, sinalizando um possível aumento de juros já na próxima reunião.

Mesmo com as projeções de elevação da Selic, as expectativas para a inflação seguem em alta, marcando a oitava semana consecutiva de aumento. Os economistas agora preveem um IPCA de 4,30% para 2024, acima dos 4,26% projetados na semana anterior.

Fonte: Portal do Agronegócio

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