Publicado em: 05/08/2024 às 11:25hs
Nesta segunda-feira, o dólar disparou frente ao real, aproximando-se da marca de R$ 5,80, impulsionado pelo aumento dos temores globais de uma recessão nos Estados Unidos. Esse cenário tem gerado uma fuga de ativos considerados mais arriscados.
Às 9h40, o dólar à vista registrava alta de 1,55%, cotado a R$ 5,7992 na venda, após ter superado a marca de R$ 5,80 no início do pregão. Na B3, o contrato de dólar futuro com vencimento mais próximo apresentava alta de 1,32%, negociado a R$ 5,821.
Na sexta-feira, o dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,7109, em queda de 0,44% em relação ao dia anterior.
Nesta manhã, os mercados globais reagiam fortemente às preocupações com uma possível recessão na maior economia do mundo, após o anúncio de números abaixo do esperado para a criação de empregos nos EUA. O Departamento de Trabalho dos EUA informou que foram criadas 114.000 vagas fora do setor agrícola em julho, em comparação com 179.000 vagas revisadas para baixo em junho. Economistas consultados pela Reuters haviam projetado a criação de 175.000 novas vagas.
O ciclo de aperto monetário do Federal Reserve, que elevou a taxa de juros para a faixa de 5,25% a 5,50% para combater a inflação, parece ter afetado mais profundamente a economia dos EUA do que o previsto. Com a inflação norte-americana voltando gradualmente à meta de 2% e o enfraquecimento do mercado de trabalho, os operadores estão apostando em uma probabilidade de 78% de um corte de 50 pontos-base nos juros pelo Fed em 18 de setembro.
O pessimismo global em relação à economia norte-americana está exacerbando a aversão ao risco, afetando negativamente índices acionários e moedas de mercados emergentes, incluindo o real. Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, comentou: "O cenário internacional hoje é marcado por forte pessimismo e aversão ao risco, resultando em desempenho negativo para ativos arriscados como commodities e moedas de países emergentes. Há uma clara busca por ativos seguros, o que desenha um dia desfavorável para a moeda brasileira."
O dólar também se valorizava frente ao peso mexicano (alta de 2,3%), ao rand sul-africano (1,7%) e ao peso chileno (1,25%). Além disso, a recuperação do iene, que tem registrado grandes ganhos sobre o dólar após a decisão do Banco do Japão de elevar sua taxa de juros para 0,25%, também está gerando preocupações. A elevação da taxa tem levado à reversão de operações de "carry trade", com investidores retirando recursos de países com juros baixos para países com juros mais altos.
O dólar caiu 3,08% em relação ao iene, cotado a 142,03.
O desempenho dos preços das commodities, como o petróleo, também é observado com atenção, especialmente em um contexto de deterioração das perspectivas econômicas da China, maior importador de matérias-primas do mundo.
No cenário nacional, o mercado analisa a nova pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira, que mostrou uma elevação nas projeções para a inflação e uma redução na perspectiva de queda da taxa de juros. O levantamento indicou que a expectativa para o IPCA ao final de 2024 é de alta de 4,12%, em comparação com a previsão anterior de 4,10%. Para o próximo ano, o índice é projetado para alta de 3,98%, ante 3,96% anteriormente. A projeção para a Selic, atualmente em 10,5%, foi elevada para 9,75% no final do ano que vem, de 9,50% anteriormente.
Além disso, a ata da última reunião do Banco Central, que será divulgada na terça-feira, está no radar dos investidores. A reunião anterior decidiu manter a Selic estável pelo segundo encontro consecutivo.
O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, apresentava uma queda de 0,82%, cotado a 102,300.
Fonte: Portal do Agronegócio
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