Publicado em: 07/11/2024 às 10:21hs
Nesta quarta-feira (6), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic, a taxa básica de juros do Brasil, de 10,75% para 11,25% ao ano, registrando uma alta de 0,50 ponto percentual. Esse aumento, o segundo consecutivo, representa uma aceleração na política de ajuste monetário iniciada em setembro, sendo a maior elevação desde maio de 2022.
O Banco Central indicou que o cenário atual exige uma abordagem mais intensa para controlar a inflação, visando atingir a meta de 3% estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que permite uma variação de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, situando a meta entre 1,5% e 4,5%. Atualmente, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, registra uma alta de 4,42% nos últimos 12 meses, aproximando-se do teto da meta. Para os anos de 2025 e 2026, as projeções do BC continuam acima dos 3%, reforçando as preocupações com a chamada “desancoragem” das expectativas inflacionárias, ou seja, a tendência de expectativas que não convergem para o centro da meta.
No comunicado desta quarta-feira, o Copom alertou para o desequilíbrio entre os riscos de alta e baixa da inflação, com maior probabilidade de pressões inflacionárias. Dentre os fatores internos, destacou-se o desempenho aquecido da economia brasileira, a taxa de desemprego em níveis historicamente baixos e a dificuldade em solucionar o déficit nas contas públicas. A situação fiscal, ainda incerta, pode impactar diretamente tanto os juros quanto a inflação.
A conjuntura internacional também preocupa o Copom, principalmente após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Com políticas mais inflacionárias e protecionistas, a gestão de Trump pode dificultar a queda das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano, elevando a valorização do dólar frente ao real e pressionando ainda mais a inflação no Brasil.
Principais riscos apontados pelo Copom:
Influências de políticas econômicas internas e externas, como a manutenção de uma taxa de câmbio mais depreciada.
Riscos de baixa da inflação:
Além das variáveis econômicas, o Copom destacou que a percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal brasileiro tem influenciado o prêmio de risco, a taxa de câmbio e os preços dos ativos financeiros. Em meio às incertezas, o Copom reforçou a necessidade de uma política fiscal sólida e comprometida com a sustentabilidade da dívida pública, essencial para controlar a inflação e evitar novas altas de juros.
Economistas apontam que o fortalecimento da política monetária dependerá, em grande parte, de medidas fiscais eficazes. Segundo Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, a postura rígida do Copom reflete a necessidade de um plano de cortes de gastos por parte do governo federal. Em consonância, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que, para alcançar juros estruturalmente baixos, o Brasil precisará de um “choque fiscal positivo” que traga confiança ao mercado.
A expectativa de que o Fed mantenha as taxas de juros dos EUA em níveis elevados pode aumentar a atratividade dos títulos do Tesouro norte-americano, desvalorizando moedas emergentes como o real e pressionando a inflação brasileira. Com a economia norte-americana enfrentando protecionismo e aumento de tarifas, a tendência é que investidores busquem segurança em ativos como as Treasuries dos EUA, afastando-se dos mercados emergentes.
Frente a um cenário internacional incerto e à necessidade de ajustes internos, economistas estimam que a Selic poderá sofrer novas elevações caso as pressões fiscais e inflacionárias se mantenham sem soluções efetivas.
Fonte: Portal do Agronegócio
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