Publicado em: 12/12/2024 às 10:35hs
O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 1,00 ponto percentual, alcançando o patamar de 12,25% ao ano. A medida reflete o ambiente externo desafiador, impulsionado pela conjuntura econômica dos Estados Unidos, que levanta dúvidas sobre os ritmos de desaceleração econômica e desinflação. O Federal Reserve (Fed) e outros bancos centrais de economias desenvolvidas permanecem focados na convergência da inflação para suas metas, apesar de pressões nos mercados de trabalho. Esse contexto exige cautela dos países emergentes, avalia o Copom.
No Brasil, indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho continuam a mostrar dinamismo. O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre apontou uma maior abertura do hiato do produto, reforçando o vigor da economia. Contudo, a inflação geral e suas medidas subjacentes seguem acima da meta, com elevações registradas nos últimos meses.
As expectativas de inflação para 2024 e 2025, apuradas na pesquisa Focus, subiram para 4,8% e 4,6%, respectivamente, enquanto a projeção do Copom para o segundo trimestre de 2026 está em 4,0%. Esse cenário reflete uma percepção de riscos mais adversos do que os observados na última reunião.
O Copom identificou riscos significativos no balanço de perspectivas inflacionárias. Entre os fatores de alta, destacam-se a desancoragem prolongada das expectativas de inflação, a resiliência da inflação de serviços devido a um hiato do produto mais positivo, e o impacto de políticas econômicas que possam provocar uma depreciação cambial persistente. Por outro lado, entre os riscos de baixa estão a possibilidade de uma desaceleração global mais acentuada e os efeitos mais intensos do aperto monetário sobre a desinflação global.
A política fiscal recente também foi analisada, sendo constatado que o anúncio de medidas fiscais impactou de forma relevante os preços dos ativos e as expectativas econômicas. Houve influência direta sobre o prêmio de risco, as expectativas inflacionárias e a taxa de câmbio, agravando a dinâmica inflacionária.
Diante desse cenário, o Copom considerou necessário intensificar o ajuste monetário. O aumento da Selic para 12,25% a.a. visa garantir a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e contribuir para a suavização das flutuações da atividade econômica, mantendo o foco na estabilidade de preços e no pleno emprego.
O Comitê sinalizou a possibilidade de novos ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões, dependendo da evolução da inflação e das condições econômicas. A trajetória do ciclo de aperto monetário será orientada pelo compromisso de estabilizar a inflação.
Participaram da decisão os seguintes membros: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.
Fonte: Portal do Agronegócio
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