Publicado em: 11/12/2024 às 10:55hs
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou que um possível aumento da taxa Selic representaria um erro do Banco Central, ao desconsiderar aspectos importantes dos cenários econômicos nacionais e internacionais. Para a CNI, tornar a política monetária ainda mais restritiva é inadequado, especialmente em um momento em que a política fiscal já está reduzindo de forma significativa o estímulo à atividade econômica.
A instituição destacou que, além das mudanças fiscais, a desaceleração em curso da economia brasileira e a tendência de queda das taxas de juros nas principais economias globais não devem ser ignoradas. Segundo o presidente da CNI, Ricardo Alban, "subir a Selic agora seria excessivo para o controle da inflação e só traria mais restrições ao crescimento do país. A prioridade deve ser a implementação de uma agenda que permita a redução dos juros."
A CNI também elogiou as propostas de redução de despesas federais apresentadas pelo Governo Federal, que podem gerar uma economia de R$ 30,5 bilhões em 2025 e R$ 41,2 bilhões em 2026. Essas medidas não apenas favorecem a sustentabilidade do novo arcabouço fiscal, como também alinham mais eficazmente as políticas fiscal e monetária. Entre as ações estruturais, estão a revisão das regras de reajuste do salário mínimo, do abono salarial e da contabilização da renda para o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Apesar da desvalorização da taxa de câmbio e da alta nos juros futuros em resposta ao pacote de redução de despesas, a CNI acredita que essa reação é exagerada e que, com o tempo, o impacto fiscal será neutro. Além disso, a instituição alerta para o fato de que qualquer aumento na Selic elevaria o custo da dívida pública, prejudicando o esforço fiscal em andamento.
A CNI também ressaltou os sinais de desaceleração da economia brasileira, observados nos resultados do PIB do terceiro trimestre, que apresentaram crescimento de 0,9%, abaixo dos 1,4% do trimestre anterior. O mercado de trabalho também começa a dar sinais de desaceleração, com a criação de novos postos de trabalho formais caindo 29,1% em outubro em relação ao mesmo mês de 2023.
Com um crescimento projetado do PIB de 2% em 2025, bem abaixo da estimativa de 3,4% para 2024, a CNI acredita que o controle da inflação deve ser mais eficaz, reforçando o argumento contra o aumento da Selic.
A CNI apontou que o cenário internacional, com a tendência de redução das taxas de juros em economias como a zona do euro e os Estados Unidos, favorece uma política monetária mais flexível no Brasil. A redução da Selic não diminuiria o diferencial de juros em relação às principais economias globais e poderia evitar a pressão sobre a taxa de câmbio e a inflação. A instituição argumenta que qualquer aumento na Selic colocaria o Brasil na contramão da tendência mundial.
Com a expectativa de uma melhora nas condições climáticas e a regularização das chuvas em 2025, a CNI projeta uma desaceleração da inflação, com a oferta de alimentos e a tarifa de energia elétrica sendo favorecidas. Além disso, o cenário internacional de preços mais baixos para commodities energéticas, como o petróleo, deve contribuir para o controle da inflação.
A CNI também alertou sobre a intensificação do aperto monetário desde fevereiro de 2022 e a alta da taxa de juros real, que já ultrapassa o limite da taxa neutra estimada pelo Banco Central, o que coloca o Brasil entre os países com as maiores taxas de juros reais no mundo, ao lado de nações como México, Rússia e Turquia.
Fonte: Portal do Agronegócio
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