Mercado Financeiro

Campos Neto alerta para desancoragem inflacionária e reforça compromisso com a meta

Presidente do Banco Central destaca a importância de um choque fiscal positivo para a redução sustentável dos juros no Brasil


Publicado em: 23/10/2024 às 11:05hs

Campos Neto alerta para desancoragem inflacionária e reforça compromisso com a meta

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, expressou nesta terça-feira sua preocupação com a desancoragem das expectativas inflacionárias no Brasil e reforçou o compromisso da autoridade monetária em alcançar a meta de inflação. Durante entrevista à CNBC, divulgada pelo site da emissora norte-americana, Campos Neto destacou que, embora o Brasil tenha iniciado o ciclo de alta dos juros antes de outros países e já tenha iniciado cortes, a economia ainda enfrenta desafios significativos, especialmente sem um ajuste fiscal positivo.

Inflação e metas

Campos Neto salientou que tanto as projeções do Banco Central quanto as expectativas do mercado para a inflação têm se afastado das metas, o que exige atenção imediata. "Acreditamos que é o momento adequado para tratar dessa questão. É essencial que as pessoas saibam que estamos comprometidos com a meta de inflação, pois o Brasil carrega uma memória histórica significativa de alta inflacionária", afirmou.

A meta central de inflação perseguida pelo Banco Central é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Entretanto, segundo o relatório Focus, as projeções do mercado indicam uma inflação de 4,50% para 2024 — no limite superior da meta — e de 3,99% para 2025.

O desafio fiscal e os juros

Campos Neto também reiterou a necessidade de um choque fiscal positivo para que o Brasil possa sustentar juros mais baixos a longo prazo. "É difícil imaginar que o país consiga conviver com juros significativamente menores do que os atuais sem que haja um ajuste fiscal robusto", ressaltou.

Ao ser questionado sobre críticas à sua atuação, ele lembrou que o Banco Central elevou os juros durante a campanha eleitoral de 2022, mesmo com Jair Bolsonaro, que o indicou ao cargo, buscando a reeleição. Segundo ele, sua proximidade com o governo anterior visava garantir a aprovação da autonomia operacional do Banco Central.

Cenário internacional

Sobre o cenário externo, Campos Neto destacou que a expectativa de um "pouso suave" da economia dos Estados Unidos será relevante para a economia global. No entanto, ele alertou que as políticas inflacionárias do próximo governo americano, independentemente do vencedor, poderão impedir que o país reduza seus juros tanto quanto o esperado, impactando diretamente as economias emergentes.

Em relação à China, ele destacou a expectativa de desaceleração econômica devido às barreiras comerciais globais, o que poderá ter repercussões importantes para o Brasil.

Fonte: Portal do Agronegócio

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