Mercado Financeiro

Café vive nova onda de volatilidade com queda nos estoques, tarifas dos EUA e incertezas climáticas

Oscilações intensas nas bolsas de Nova Iorque e Londres refletem preocupações com o clima no Brasil, oferta global limitada e impactos do tarifaço americano sobre o setor cafeeiro.


Publicado em: 30/10/2025 às 10:55hs

Café vive nova onda de volatilidade com queda nos estoques, tarifas dos EUA e incertezas climáticas
Mercado internacional de café volta a operar em baixa

Os preços do café voltaram a registrar quedas nas bolsas internacionais nesta quinta-feira (30), após uma sequência de fortes oscilações nos últimos dias. O movimento ocorre em meio ao monitoramento constante das condições climáticas nas regiões produtoras e dos efeitos das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre o café brasileiro.

Na sessão anterior, o mercado havia operado em alta, impulsionado pela nova redução nos estoques certificados da ICE. Segundo dados do Barchart, os estoques de café arábica caíram para 446.475 sacas — o menor volume em um ano e meio —, enquanto os de robusta atingiram 6.111 lotes, o menor nível em mais de três meses.

Tarifas americanas impactam o setor e elevam preços ao consumidor

De acordo com informações da Reuters, o tarifaço imposto pelos Estados Unidos tem causado prejuízos expressivos ao setor cafeeiro norte-americano. Importadores enfrentam cargas paradas nos portos, torrefadoras estão pagando taxas para cancelar entregas e os consumidores chegam a gastar até 40% a mais por sua tradicional xícara de café.

Mesmo com a possível retirada da tarifa sobre o café brasileiro, analistas do Escritório Carvalhaes avaliam que a volatilidade deve permanecer. As incertezas climáticas que afetam a produção no Brasil e em outros países produtores, somadas aos baixos estoques globais, continuam sendo fatores determinantes para as oscilações nas cotações internacionais.

Oscilações refletem tensão entre oferta e demanda

De acordo com a consultoria StoneX, o mercado futuro de café tem registrado grande volatilidade nas bolsas de Nova Iorque e Londres. Entre os principais fatores estão a preocupação com o desenvolvimento da safra brasileira, a limitação da oferta de arábica e o risco de novas barreiras comerciais, inclusive contra a Colômbia, após o agravamento das relações comerciais com os EUA.

Na quinta-feira (23), as cotações chegaram a se aproximar das máximas históricas registradas em fevereiro deste ano, atingindo US¢ 437,95 por libra-peso, mas encerraram o dia em US¢ 410,15/lb — uma variação de quase 3 mil pontos entre mínima e máxima.

Desempenho recente nas bolsas de Nova Iorque e Londres

Na manhã desta quinta-feira (30), o café arábica operava em queda:

  • Dezembro/25: 385,15 cents/lbp (-555 pontos)
  • Março/26: 366,75 cents/lbp (-405 pontos)
  • Maio/26: 352,85 cents/lbp (-370 pontos)

Já o café robusta apresentava variação mista:

  • Novembro/25: US$ 4.600/tonelada (+US$ 15)
  • Janeiro/26: US$ 4.578/tonelada (-US$ 32)
  • Março/26: US$ 4.497/tonelada (-US$ 27)

Segundo a StoneX, o contrato mais ativo em Nova Iorque encerrou a última semana com alta de 1,4%, cotado a US¢ 403,00/lb, enquanto em Londres o avanço foi de 0,4%, para US$ 4.571/tonelada. No câmbio, o real apresentou valorização de 0,4%, com o dólar fechando a R$ 5,39.

Perspectivas: volatilidade deve continuar

Especialistas avaliam que o mercado cafeeiro continuará reagindo a qualquer sinal de mudança nas condições climáticas e nas políticas comerciais. O quadro de oferta restrita e os baixos estoques mundiais devem sustentar um cenário de forte instabilidade nos preços, mesmo diante de possíveis ajustes nas tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Fonte: Portal do Agronegócio

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