Publicado em: 12/12/2024 às 10:55hs
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou como incompreensível e injustificada a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto percentual, atingindo 12,25% ao ano. Essa é a terceira alta consecutiva da Selic, determinada em reunião realizada nesta quarta-feira (11).
Segundo a entidade, o Banco Central comete um erro ao manter o ciclo de elevação da Selic iniciado em setembro. O aumento atual, considerado desnecessário, ignora sinais claros de desaceleração da inflação, evidentes no resultado de novembro, e desconsidera o impacto positivo do pacote de corte de gastos apresentado pelo governo federal.
Além disso, a CNI aponta que a decisão contraria a realidade de retração econômica registrada no Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre e vai na contramão da tendência global de redução de juros, já em curso em economias como a dos Estados Unidos, que se prepara para o terceiro corte consecutivo de suas taxas.
A elevação dos juros, segundo a CNI, traz custos elevados à economia, resultando em menos investimentos, geração de empregos e renda. A entidade alerta que, para retomar investimentos, é necessário um ambiente econômico mais favorável, o que não tem sido promovido pela política monetária atual. Prova disso é a queda do Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), que recuou nos últimos três meses, chegando a 50,1 pontos em dezembro, sinalizando pessimismo crescente entre os empresários.
A desaceleração da inflação em novembro é um ponto de destaque. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, registrou alta de 0,39% no mês, abaixo do índice de 0,56% observado em outubro. A queda nos preços da energia elétrica, influenciada pela introdução da bandeira tarifária amarela, foi um dos fatores determinantes. Para dezembro, a expectativa é de novos recuos com a adoção da bandeira verde.
Além disso, o índice de difusão – que reflete a proporção de itens com alta de preços – caiu de 61,5% em outubro para 57,8% em novembro, reforçando a percepção de melhora no quadro inflacionário.
A CNI projeta que, em 2025, a inflação deve desacelerar ainda mais, impulsionada por condições climáticas favoráveis que podem aumentar a produtividade agrícola, ampliando a oferta de alimentos, e pela regularização do regime de chuvas, que aliviará os custos da energia elétrica. Também contribuem para esse cenário os sinais de possível queda nos preços internacionais de commodities, como o petróleo, no próximo ano.
As medidas de redução de despesas propostas pelo governo são avaliadas positivamente pela CNI, por reforçarem o novo arcabouço fiscal e aproximarem as políticas fiscal e monetária. O pacote inclui medidas estruturais relevantes, como ajustes em despesas obrigatórias, a exemplo do salário mínimo e benefícios sociais.
Apesar da reação inicial negativa do mercado, com desvalorização cambial e alta nos juros futuros, a CNI avalia que esse movimento foi precipitado, motivado principalmente por temores injustificados em relação à reforma tributária. A entidade acredita que a reforma será fiscalmente neutra e que a reação adversa será revertida, destacando que decisões monetárias com base nesse contexto são equivocadas.
Para a CNI, a estratégia do Banco Central de controlar a inflação via alta da Selic representa um remédio exagerado com consequências prejudiciais à economia. A entidade defende uma mudança urgente na política monetária, com foco na redução do custo do crédito, um dos entraves mais significativos para o desenvolvimento econômico do Brasil.
Sem resolver essa questão, o país continuará perdendo oportunidades estratégicas, como o protagonismo na transição energética global, um setor com potencial para gerar altos retornos econômicos, mas que exige investimentos robustos.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias