Mercado Financeiro

Banco Central eleva Selic para 10,75% ao ano após dois anos sem alta

Decisão reflete preocupações com a inflação e alta do dólar


Publicado em: 19/09/2024 às 10:20hs

Banco Central eleva Selic para 10,75% ao ano após dois anos sem alta

Após mais de dois anos sem aumentos, o Banco Central decidiu elevar a taxa Selic, os juros básicos da economia, em 0,25 ponto percentual, fixando-a em 10,75% ao ano. A decisão, tomada por unanimidade pelo Comitê de Política Monetária (Copom), era amplamente esperada pelo mercado financeiro, em meio à recente alta do dólar e incertezas quanto à inflação.

O último aumento da Selic havia ocorrido em agosto de 2022, quando a taxa passou de 13,25% para 13,75% ao ano. Desde então, foram realizados seis cortes de 0,5 ponto e um de 0,25 ponto percentual, reduzindo a taxa para 10,5% ao ano até maio deste ano. Em suas reuniões de junho e julho, o Copom optou por manter os juros inalterados. Agora, com a nova elevação, o Banco Central reforça sua intenção de controlar o avanço inflacionário.

Em comunicado, o Copom justificou o aumento citando a resiliência da atividade econômica, as pressões sobre o mercado de trabalho, o hiato positivo do produto — que ocorre quando a demanda da economia supera a capacidade produtiva —, além da alta nas expectativas de inflação. Sobre futuros aumentos, o comitê foi cauteloso, indicando que o ritmo e a duração do ciclo de alta dependerão da evolução da inflação e outros fatores econômicos.

Inflação e Perspectivas

A taxa Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em agosto, o IPCA registrou leve deflação de 0,02%, influenciada pela queda nos preços de energia elétrica. No entanto, esse alívio é temporário, com a previsão de aumento nas tarifas de luz em setembro e o impacto da seca prolongada sobre os preços dos alimentos.

O IPCA acumulou alta de 4,24% nos últimos 12 meses, próximo ao teto da meta de inflação de 2024, que foi estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional em 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Ou seja, a inflação oficial não poderia superar 4,5% nem ficar abaixo de 1,5% neste ano.

No último Relatório de Inflação, divulgado em junho, o Banco Central previu que o IPCA fechará 2024 em 4%. Entretanto, o impacto da alta do dólar e da seca prolongada pode fazer essa estimativa ser revista no próximo relatório, que será divulgado em setembro.

Segundo o Boletim Focus, que coleta projeções de instituições financeiras, o mercado estima que a inflação de 2024 fechará em 4,35%, acima das previsões anteriores. Pela primeira vez, o comunicado do Copom incluiu as expectativas do próprio Banco Central, que prevê uma inflação de 4,3% em 2024, 3,7% em 2025 e 3,5% até o fim do primeiro trimestre de 2026.

Impacto na Economia

O aumento da Selic tem como objetivo conter a inflação, já que juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam o consumo e a produção, controlando o excesso de demanda. No entanto, esse movimento também desacelera o crescimento econômico.

No último Relatório de Inflação, o Banco Central revisou sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2,3% em 2024, com o mercado sendo um pouco mais otimista, projetando um crescimento de 2,96%, conforme o Boletim Focus.

A taxa básica de juros, usada nas negociações de títulos públicos, influencia todas as demais taxas de juros da economia. O aumento da Selic, portanto, impacta diretamente o custo do crédito, enquanto uma eventual redução exigiria uma confiança maior de que a inflação está controlada.

Fonte: Portal do Agronegócio

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