Publicado em: 30/07/2025 às 11:25hs
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta quarta-feira (30) com forte expectativa do mercado financeiro pela manutenção da taxa básica de juros, a Selic, no patamar atual de 15% ao ano — o maior nível em quase duas décadas. A decisão será anunciada após as 18h.
Essa possível pausa ocorre após dez meses de alta nos juros, com sete aumentos consecutivos. A medida visa conter pressões inflacionárias que afetam, sobretudo, a população de menor renda.
Em comunicado anterior, ao elevar a Selic para 15% em junho, o BC já havia indicado que poderia interromper o ciclo de alta para avaliar os efeitos acumulados do aperto monetário.
“Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados”, afirmou a autoridade monetária na ocasião.
A projeção dos economistas é de que a Selic seja mantida nesse nível até, pelo menos, 2026.
Com a manutenção da taxa considerada praticamente certa, as atenções do mercado se voltam ao teor do comunicado que será divulgado junto à decisão.
“A expectativa é de que o Comitê mantenha um tom firme, reforçando seu compromisso com o controle da inflação e com a preservação da sua credibilidade”, destacou Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
A política de juros do Banco Central é baseada no regime de metas de inflação. Quando as projeções estão alinhadas às metas, a Selic pode ser reduzida. Se as expectativas estão acima, a tendência é de manutenção ou elevação da taxa.
Desde o início de 2025, passou a valer o sistema de meta contínua, com objetivo central de inflação de 3% ao ano, tolerando variações entre 1,5% e 4,5%.
Como a inflação acumulada superou a meta por seis meses consecutivos até junho, o BC foi obrigado a divulgar uma carta pública explicando os motivos.
Vale destacar que o efeito da Selic sobre a economia é gradual, levando de seis a 18 meses para ser totalmente absorvido. Por isso, o Banco Central toma decisões com base nas projeções futuras — mirando, neste momento, a meta para o segundo semestre de 2026.
As estimativas do mercado financeiro para a inflação seguem acima do centro da meta de 3%:
Esses dados reforçam o discurso do BC de manter vigilância sobre a inflação e não hesitar em retomar o ciclo de alta, caso necessário. “Os passos futuros da política de juros poderão ser ajustados”, afirmou a ata da última reunião do Copom.
O Banco Central tem reiterado que a desaceleração da atividade econômica é uma ferramenta importante no combate à inflação. Segundo o BC, o chamado “hiato do produto” — que mede a diferença entre o que a economia está produzindo e seu potencial — permanece positivo, o que significa que a economia ainda cresce acima do nível considerado neutro para os preços.
Apesar disso, a autoridade monetária reconhece que o impacto dos juros elevados já contribui para a desaceleração da atividade e poderá afetar o mercado de trabalho.
“A conjuntura segue marcada por sinais mistos quanto à desaceleração, mas há moderação no crescimento”, informou a instituição em junho.
Aumento dos juros bancários: A alta da Selic influencia diretamente as taxas cobradas por bancos. Em junho, a média dos juros para operações com pessoas físicas e empresas chegou a 45,4% ao ano, maior nível desde agosto de 2017.
Menor crescimento econômico: Com o crédito mais caro, há retração no consumo e nos investimentos produtivos, o que impacta negativamente o Produto Interno Bruto (PIB), o emprego e a renda.
Pressão sobre as contas públicas: Juros mais altos aumentam o custo da dívida pública. Até maio, a despesa com juros somava R$ 946 bilhões em 12 meses — o equivalente a 7,8% do PIB.
Rendimentos em aplicações financeiras: A Selic elevada favorece investimentos em renda fixa, como o Tesouro Direto e debêntures, elevando seus rendimentos. Em contrapartida, a atratividade da renda variável, como ações, tende a cair.
Com a inflação acima da meta e os efeitos dos juros ainda em maturação, o Banco Central adota uma postura cautelosa. A expectativa é de que os juros se mantenham elevados por um longo período, enquanto a autoridade monetária observa os desdobramentos sobre a atividade econômica e os preços.
Fonte: Portal do Agronegócio
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