Publicado em: 27/06/2025 às 12:30hs
O recente aumento das alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que entrou em vigor no fim de maio, representa um risco crescente de inadimplência para as médias empresas brasileiras, segundo Silvano Boing, CEO da Global — maior recuperadora de crédito B2B do país.
Boing ressalta que o reajuste ocorre em um momento delicado, marcado por juros elevados e acesso restrito ao crédito, o que encarece ainda mais o capital de giro, fundamental para a operação de setores como comércio, serviços e indústria.
As mudanças no IOF fazem parte do esforço do governo federal para elevar a arrecadação e melhorar o equilíbrio das contas públicas. Inicialmente, as medidas anunciadas em maio previam gerar até R$ 20 bilhões em receitas adicionais para 2025. Contudo, recuos recentes reduziram essa expectativa para cerca de R$ 7 bilhões.
Mesmo com ajustes, o ambiente de incerteza permanece, dificultando o planejamento financeiro das empresas.
Dados da Serasa Experian indicam que, em março, o Brasil registrou um recorde de inadimplência no segmento B2B, com 7,3 milhões de empresas com pagamentos atrasados, somando R$ 169,8 bilhões em dívidas.
A Global confirma essa tendência: em 2024, já negociou mais de 1,5 milhão de títulos vencidos, correspondendo a aproximadamente R$ 1,5 bilhão. Essas informações fazem parte do Índice Global de Recuperação de Crédito B2B, que analisa a inadimplência empresarial.
O Indicador de Demanda das Empresas por Crédito, da Serasa, mostrou desaceleração em março, com crescimento de 0,9%, puxado principalmente por micro e pequenas empresas. Em contrapartida, médias empresas registraram queda de 4,8%, e grandes empresas reduziram sua demanda em 4,7%.
Segundo Boing, a inadimplência empresarial causa impacto sistêmico, gerando efeito dominó em cadeias produtivas e fornecedores devido à dependência de financiamentos e prazos longos de negociação.
Diante da instabilidade causada pelo aumento do IOF e o ambiente de juros altos, Silvano Boing orienta gestores financeiros a anteciparem cenários e revisarem suas políticas de crédito. A indefinição legislativa dificulta o planejamento de médio e longo prazo, o que exige medidas preventivas.
Entre as recomendações estão:
Essas estratégias ajudam a evitar calotes, controlando vendas a prazo de alto risco, estimulando o diálogo precoce para soluções de pagamento e ativando mecanismos de alerta em tempo real.
“Apesar da volatilidade aumentar os riscos de inadimplência, existem diversas ferramentas preventivas que auxiliam as empresas a protegerem seu fluxo de caixa e manterem a saúde financeira”, finaliza Boing.
Fonte: Portal do Agronegócio
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