Publicado em: 17/11/2025 às 11:05hs
O Banco Central divulgou nesta segunda-feira (17) que o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) — considerado a prévia do Produto Interno Bruto (PIB) — registrou queda de 0,9% no terceiro trimestre de 2025, na comparação com o trimestre anterior, após ajuste sazonal.
Essa é a primeira retração da economia brasileira em dois anos. A última havia ocorrido no terceiro trimestre de 2023, quando o indicador apresentou recuo de 0,5%.
A queda acontece em meio a um ambiente de juros elevados e redução gradual do consumo, refletindo a política monetária mais restritiva adotada pelo Banco Central para conter as pressões inflacionárias.
O resultado negativo foi disseminado entre os principais setores da economia, com destaque para a forte queda da agropecuária, que registrou o pior desempenho do período.
Confira o desempenho setorial:
O recuo no campo está relacionado à redução da produtividade de culturas importantes e aos custos elevados de produção, o que impactou diretamente a renda dos produtores e o volume de exportações agrícolas.
No mês de setembro, o IBC-Br apresentou retração de 0,2% frente a agosto, também com ajuste sazonal.
Em sentido contrário, na comparação com setembro de 2024, o indicador avançou 2%, e acumula crescimento de 2,6% nos nove primeiros meses do ano. Nos últimos 12 meses encerrados em setembro, a alta é de 3% — considerando o dado sem ajuste sazonal.
Esses números indicam que, embora o resultado anual ainda seja positivo, há sinais claros de perda de fôlego da atividade econômica no curto prazo.
A taxa Selic permanece em 15% ao ano, o maior nível em quase duas décadas. O Comitê de Política Monetária (Copom) tem mantido uma postura firme, priorizando o controle da inflação, cuja meta é 3% ao ano.
Segundo o Banco Central, há uma “moderação gradual da atividade” e “redução nas expectativas de inflação”, conforme apontou a ata da última reunião do Copom.
O mercado, no entanto, não espera cortes de juros antes de 2026, avaliando que a autoridade monetária deve aguardar uma desaceleração mais consistente dos preços antes de iniciar um novo ciclo de redução da Selic.
De acordo com o Boletim Focus, divulgado pelo próprio Banco Central, o mercado financeiro projeta crescimento de 2,16% para o PIB em 2025, abaixo dos 3,4% registrados no ano passado.
O resultado oficial do PIB referente ao terceiro trimestre será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 4 de dezembro.
O IBC-Br é um importante termômetro da economia, mas não substitui o PIB oficial, pois adota metodologia diferente, focada no lado da produção — sem considerar a demanda e os componentes de consumo e investimento.
O recuo expressivo da agropecuária reforça o alerta para o setor, que vem enfrentando desafios climáticos, custos elevados e juros altos que encarecem o crédito rural.
A desaceleração da economia como um todo também tende a afetar o consumo interno e os investimentos, fatores que influenciam diretamente o desempenho do agronegócio.
Mesmo com as adversidades, especialistas avaliam que o setor deve seguir como um dos pilares da economia brasileira, sustentado pelas exportações e pela demanda internacional por alimentos e biocombustíveis.
Fonte: Portal do Agronegócio
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