Publicado em: 06/11/2025 às 10:10hs
A forte oscilação do dólar em 2025 voltou a preocupar o varejo nacional. Com a proximidade das vendas de fim de ano, a valorização da moeda norte-americana tem encarecido produtos importados — especialmente brinquedos, eletrônicos e bebidas — e forçado empresas a buscar novas estratégias para conter o impacto no caixa.
Segundo cálculos da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a desvalorização do real pode elevar em até 20% os custos de importação em alguns segmentos, somando efeitos de tarifas, frete e seguros internacionais.
De acordo com Thiago Oliveira, CEO da Saygo, a volatilidade cambial exige atenção redobrada.
“Sem instrumentos de proteção, o varejo fica vulnerável a perdas inesperadas. O hedge, as contas em moeda estrangeira e as plataformas digitais são essenciais para trazer previsibilidade financeira”, explica.
Em agosto, ganhou força no mercado a ideia de que o dólar “ultrapassou os R$ 6”. No entanto, os dados oficiais mostram um cenário diferente. Conforme informações do site Dólar Histórico, a cotação Ptax encerrou agosto de 2025 em R$ 5,4258 para compra e R$ 5,4264 para venda, o que representa queda mensal de 3,24%.
Mesmo assim, o real segue pressionado por fatores como incertezas fiscais, política monetária e saída de capitais estrangeiros. Para analistas, a referência psicológica dos “R$ 6” atua como um gatilho de precaução, motivando o uso de contratos futuros e outras ferramentas de proteção cambial.
A alta do dólar impacta com diferentes intensidades cada ramo do varejo:
A CNI destaca que o impacto combinado desses fatores pode gerar aumento de até 20% no custo final dos produtos importados.
Com o cenário de instabilidade cambial, empresas têm ampliado o uso de ferramentas de gestão e proteção financeira. Entre as principais estratégias estão:
Consiste em fixar uma taxa de câmbio futura, funcionando como uma espécie de “seguro contra variações”. Embora não elimine a volatilidade, reduz perdas em momentos de forte oscilação. As modalidades mais utilizadas incluem contratos a termo, NDFs, swaps e opções.
Empresas que mantêm balanços em dólar utilizam essa alternativa como uma forma de “proteção natural”, evitando conversões desfavoráveis no momento do pagamento. Essa prática, contudo, exige controle rigoroso de fluxo e compliance.
As soluções tecnológicas oferecidas por instituições financeiras permitem monitorar taxas em tempo real, simular cenários e automatizar operações, ampliando a eficiência da gestão cambial. Essa digitalização tem sido especialmente útil para importadores e exportadores que buscam reduzir custos operacionais e ganhar agilidade.
Com a alta do dólar e o aumento dos custos logísticos e tributários, o varejo se vê diante de um dilema: repassar os aumentos ao consumidor ou absorver as perdas. Ambas as opções trazem riscos — a primeira pode enfraquecer as vendas, enquanto a segunda compromete as margens de lucro.
Para Thiago Oliveira, quem adotar estratégias cambiais estruturadas sairá na frente em 2026:
“No varejo, não basta vender. É preciso garantir margem, mesmo quando o câmbio oscila de forma imprevisível”, afirma.
Além da volatilidade cambial, o chamado “Custo Brasil” continua sendo um obstáculo importante para a competitividade. Segundo a CNI, ele representa cerca de 20% do PIB nacional, englobando tributos, logística, burocracia e regulamentação.
Levantamento da entidade mostra ainda que 70% dos empresários industriais apontam a carga tributária como o principal entrave à competitividade — um cenário que pressiona ainda mais o planejamento das empresas às vésperas das festas de fim de ano.
Com um ambiente econômico desafiador, especialistas reforçam que planejamento e disciplina financeira serão diferenciais para o próximo ano. O uso de ferramentas de hedge, a diversificação de moedas e a visibilidade total dos fluxos cambiais tendem a garantir mais estabilidade e segurança nas margens.
“O câmbio continuará a ser um fator de risco no varejo brasileiro. Quem investir em gestão de risco terá vantagem competitiva em 2026”, conclui Oliveira.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias