Publicado em: 22/10/2025 às 11:10hs
O mercado do açúcar atravessa uma semana marcada por intensa volatilidade nas bolsas internacionais. Após registrar quedas expressivas na terça-feira (21), os contratos futuros da commodity voltaram a buscar estabilidade nesta quarta-feira (22), influenciados por projeções de safra recorde no Brasil e expectativa de ampla oferta global.
Na ICE Futures, em Nova York, o contrato de março/26 encerrou a terça em queda de 3%, cotado a 15,24 centavos de dólar por libra-peso, enquanto o de maio/26 recuou para 14,75 centavos. Já na ICE Europe, em Londres, o açúcar branco também apresentou desvalorização, com o contrato de dezembro/25 caindo para US$ 433,40 por tonelada e o de março/26 para US$ 431,10 por tonelada.
No pregão seguinte, os preços reagiram levemente, acompanhando um movimento de recuperação técnica. Em Nova York, o contrato de março/26 subiu 0,85%, negociado a 15,37 centavos, e o de maio/26 avançou 0,88%, para 14,88 centavos. Em Londres, o contrato de dezembro/25 também se valorizou, alcançando US$ 438,50 por tonelada (+1,18%).
De acordo com a consultoria Datagro, o Brasil deve alcançar um novo recorde de produção de açúcar na safra 2026/27, com 44 milhões de toneladas — um crescimento de 3,9% em relação ao ciclo atual. A moagem de cana está estimada em 625 milhões de toneladas, frente às 607,38 milhões da safra 2025/26.
Durante congresso da consultoria, o presidente Plinio Nastari destacou que o resultado é reflexo da recuperação das lavouras e de condições climáticas mais favoráveis esperadas para o segundo terço da próxima safra. Segundo ele, a moagem pode variar entre 605 e 640 milhões de toneladas, dependendo do regime de chuvas no primeiro semestre de 2026.
A Datagro também prevê mix açucareiro estável, com cerca de 52% da cana destinada à produção de açúcar, enquanto a fabricação de etanol deve cair. Em 2025/26, a priorização do adoçante elevou a produção em 3,1% em relação ao ciclo anterior.
A valorização do açúcar e a redução dos preços da gasolina no Brasil estão impactando diretamente o mercado de etanol. Com a menor competitividade do biocombustível, as usinas aumentam a destinação de cana para o açúcar, o que amplia a oferta global da commodity.
O Indicador Diário Paulínia mostrou retração de 0,37% no preço do etanol hidratado, negociado a R$ 2.846,50 por metro cúbico. Já o açúcar cristal medido pelo Cepea/Esalq (USP) registrou queda de 1,09%, com a saca de 50 quilos cotada a R$ 113,55.
Mesmo com a queda recente, a produção de etanol de milho segue em expansão. A Datagro estima crescimento de até 3,5 bilhões de litros na safra 2026/27, impulsionado pela entrada de novas usinas e maior competitividade frente ao etanol de cana.
Além da maior produção brasileira, o cenário internacional também contribui para a pressão baixista sobre os preços do açúcar. Índia e Tailândia, dois dos principais produtores da Ásia, iniciaram suas safras com boas perspectivas, reforçando o quadro de ampla oferta mundial.
Com o aumento da produção nos principais polos globais e os efeitos da política de combustíveis no Brasil, o mercado segue atento à evolução das condições climáticas e à estratégia das usinas nas próximas semanas, que devem definir o comportamento dos preços no curto prazo.
Fonte: Portal do Agronegócio
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