Publicado em: 11/11/2013 às 16:20hs
Em discurso dirigido ao vice Michel Temer, a presidente da CNA afirmou que este é o momento de se construir uma cooperação econômica mais abrangente com a China. "O Brasil pode e deve, no âmbito do agronegócio, diversificar sua pauta de exportações para a China, devendo para isto levar em consideração os interesses das China em relação ao mercado brasileiro, pois o comercio internacional é e sempre foi baseado no princípio do mutuo interesse".
Veja a íntegra do discurso da presidente da CNA:
Senhor Vice-Presidente do Brasil e amigo Michel Temer,
Sua presença entre nós, num pais tão distante geograficamente, mas, ao mesmo tempo, tão próximo do nosso Brasil pelos laços de amizade que temos, é um acontecimento que nos deixa muito gratos. Estamos aqui reunidos numa Missão Empresarial com dirigentes e empresários do agronegócio brasileiro, promovida pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, CNA, buscando ampliar e aprofundar nossos laços econômicos com a nação chinesa.
Estaremos, na próxima semana, em Xangai, para a realização do Seminário AgroInvest Brasil 2013, mostrando às autoridades e empresários chineses o potencial de exportação brasileira de alimentos para a China e as oportunidades de investimentos diretos da China na infraestrutura e no agronegócio brasileiros, proporcionando aos empresários que nos acompanham, uma rodada de negócios durante a realização da maior feira de alimentos, a FHC.
Há diante de nós um universo de possibilidades, mas, ao mesmo tempo, temos grandes obstáculos para superar. Sua presença conosco neste momento dá aos chineses o sentimento de que no nosso país a iniciativa privada e o Governo funcionam com harmonia e identidade de propósitos. E isso é uma condição indispensável para se ter sucesso aqui.
A China tornou-se o maior parceiro comercial do Brasil e o primeiro destino de nossas exportações. Todos sabemos do pouco dinamismo do nosso comércio externo, mas no entanto, nos últimos cinco anos exportamos para o mercado chinês um valor superior a 150 bilhões de dólares.
Nosso intercâmbio comercial com a China é um dos raros casos em que, sistematicamente, temos obtido um saldo positivo. Nosso superávit acumulado de janeiro de 2009 a junho deste ano chegou a 35 bilhões de dólares.
À primeira vista, esses números parecem excelentes, mas a verdade é que, apesar disso, nosso movimento comercial com a China representa apenas 2% do comércio exterior chinês. Para se ter uma ideia mais precisa, basta dizer que, em 2012, a China importou o equivalente a 1 trilhão e 750 bilhões de dólares, dos quais apenas 41 bilhões foram provenientes do Brasil.
Estes dados demonstram claramente que não temos aproveitado o potencial do mercado chinês. Mas, falar sobre o passado, ajuda pouco a resolver os problemas. O mais importante hoje, em relação à China, é que as oportunidades do mercado chinês seguirão crescendo nos anos vindouros.
O atual governo chinês tem a meta de duplicar a renda per capita até o final desta década. Além disso, está para ser anunciado, nas próximas horas, um conjunto de profundas reformas da economia que, entre outras coisas, resultará na diminuição das diferenças de renda entre as populações do campo e da cidade.
Dado que os governos chineses têm demonstrado uma efetiva capacidade de tornar seus planos realidade, podemos contar, certamente, com um grande crescimento na demanda geral por alimentos, em especial os itens mais nobres da dieta alimentar, como as carnes.
Embora a China continue insistindo em manter a autossuficiência na produção dos alimentos básicos, todos sabemos que o país tem notórias limitações em relação à extensão de terras agricultáveis e à disponibilidade de água.
As reformas anunciadas, que visam a aumentar a escala de exploração da terra e a atrair novas e modernas tecnologias para a produção rural não serão capazes de produzir todos os seus resultados.
Por isto, parece claro que a evolução da economia chinesa vai proporcionar amplas oportunidades para os países que podem expandir rapidamente sua produção de alimentos, como é o caso do Brasil. Até hoje, a posição brasileira no comércio com a China deve-se principalmente à ação espontânea de grandes empresas produtoras e de tradings, dotadas que são de grandes recursos e capacidades para superar as dificuldades deste comércio.
Acho que, diante das oportunidades que já existem e das que se abrirão daqui para a frente, é preciso articular um esforço exportador muito mais organizado, que envolva, além dos exportadores tradicionais, novas empresas de médio e pequeno porte, para o que torna-se indispensável uma forte presença do governo brasileiro, para superar os enormes obstáculos de ordem burocrática e normativa.
O Brasil pode e deve, no âmbito do agronegócio, diversificar sua pauta de exportações para a China, devendo para isto levar em consideração os interesses das China em relação ao mercado brasileiro, pois o comercio internacional é e sempre foi baseado no princípio do mutuo interesse.
Em suma, penso que até agora as relações econômicas China-Brasil evoluíram de modo espontâneo, mas que o aumento e a melhoria de qualidade destas relações dependem de uma política deliberada de governo, dentro de uma visão mais permanente e de longo prazo, e que esteja aberta a considerar os interesses mútuos.
Talvez seja o momento de construirmos com a China uma cooperação econômica mais abrangente, envolvendo comercio, investimentos e o compartilhamento de tecnologias.
Muito obrigada a todos, e em especial ao Vice-presidente Michel Temer e ao ministro Antônio Andrade e aos parlamentares que nos acompanham nesta missão.
O Secretário Executivo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, Daniel Carrara, o presidente do Instituto CNA, Moisés Gomes, presidentes de federações de agricultura e pecuária e superintendentes do SENAR, que integram a comitiva da CNA, liderada pela senadora Kátia Abreu, também participaram do jantar.
Fonte: Assessoria de Comunicação CNA
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